Os + Variados Recomeços - 8


           Na minha cronologia musical, levo em consideração somente os anos que estive em bandas, porém quando comecei a escrever esse blog, percebi que quando eu escrevo por mim mesmo, em minhas próprias palavras.... Tanta redundância pra dizer que sinto necessidade de escrever, dessa vez, sobre os meus recomeços. Nos primeiros contatos que tive com o instrumento que me escolheu, o violão (posteriormente a guitarra), aprendia com voracidade e não velocidade, conheci gente interessante fazendo aulas de violão até um primo distante. Talvez o primeiro recomeço de todos, foi o primeiro violão que pude chamar de meu; passei do "verdão" Giannini pra um violão D'Giorgio modelo clássico estudante Nº.18, alguns anos mais tarde foi a descoberta da guitarra, outro recomeço, no aprendizado da música, na técnica de execução....

           Em 1994 ainda sem a internet, estudar guitarra em casa era uma rotina, a procura do melhor desempenho, da mais apurada digitação na escala do instrumento, da busca pelo som; porém, o acesso a material de estudo, que fossem discos ou livros, revistas, era escasso; até mesmo a dificuldade em conseguir aquelas famosas "revistinhas" de cifras para violão, mesmo que fosse emprestado era muito complicado, fotocópia era então um meio de conseguir ter guardada aquelas coisas.
            Em cada nova empreitada, tenho inicialmente um sentimento de perder o rumo ("Perder-se também é caminho" - C. L.) e ter que reconstruir o conforto dentro de um novo conceito, repertório ou estilo, ou postura. Por vezes me vi obrigado a recomeçar, quando algum dos integrantes da banda resolvia não seguir mais no grupo ou mesmo uma guinada de estilo. Veja bem, comecei tocando em uma banda com 7 (sete) integrantes, hoje tenho um trio e um duo, os números estão diminuindo à medida que o tempo passa, cada um foi buscando novas formas de viver, mas consigo me lembrar alguns dos recomeços mais marcantes, a saída do Adriano (vocalista) em 1996 e a busca de um novo cantor e com isso a entrada do novo vocalista no mesmo ano, e a saída desse em meados de 1997, meu começo cantando (pela força do momento), a saída do Agnaldo (gaitista) e Fernanda (cantora); e eu repassando os arranjos mais complicados de tocar e cantar para o Caló, a saída do Janse em 1998 e a busca por baixista inclusive com anúncios de jornal, daqueles de "procura-se", e depois de longa procura optamos por ficar sem quem tocasse as quatro cordas; mas encontrei com o César Freaza que acabou aceitando o convite pra integrar a banda um ano depois, gravou o primeiro CD da banda Dick Vigarista e se afastou indo morar no Rio de Janeiro. Depois acabei conhecendo outro baixista, o Douglas Mazzinghy, que tocou e gravou o CD "Ao Vivo No Aquário" da Dick, e a saída dele em 1999 (ficar sem Baixista definitivamente foi a sina daquela banda). Até por fim o Caló conhecer o Marcelo Velloso, baixista com quem gravamos e que integrou a banda Dick Vigarista até sua parada em 2005.
           A próxima parte dessa estória eu chamaria de: "Um Novo Começo de Novo". Em 2002 junto com os ainda integrantes da banda Dick Vigarista (Janse Romero e Igor Monteiro), montei a banda EscaliBlues (www.escaliblues.com.br). Nova sonoridade, repertório novo, ideias ainda em formação, timbres e nova energia, os novos projetos tem esse sabor de descoberta, da tentativa e erro, uma coisa de dar a cara tapa, se mostrar, divulgar e por o "circo" na rua, coisas essas que fazem parte de quem se propõe. O blues trouxe pra mim uma nova abordagem instrumental e postural, trouxe também novos instrumentos e equipamento que fui tratando de conhecer, e por falar nisso após um ano de blues e rock, passei a ter contato mais próximo com o Luiz de Bessa, amigo de longa data e que entrou como baixista, trocando de posto com o Janse. Após esse primeiro ano com o Luiz (baixista), conheci o Gustavo do Carmo, que já tinha uma bagagem musical grande tocando baixo e piano, este último seu instrumento de fato. Com a formação de quarteto gravamos o CD “EscaliBlues 2008" e tocamos durante 8 anos. Coincidência ou acaso... depois de 10 anos de blues (completados no início de 2012), iniciei em 2010 o mais recente projeto musical 'A+B Solo' (www.absolo.com.br).
            Em resumo, a vida é curta e sei que ainda me aguardam alguns recomeços, com ou sem o meu consentimento. Ainda tem muito chão pra rodar ("...Chão de prego, de asfalto e de luz..." ÂBS), muita coisa a aprender e temo que não conseguirei cumprir todos os projetos que ainda tenho em mente ("...Não há quem tente experimente / Sem sofrer um pouco...a vida..." ÂBS). Agradeço a todos os que leram o blog até aqui.
Feliz Ano Novo e um bom começo e recomeço de ano!

Obs. Solo A+:
            Mesmo sabendo ser possíveis vários recomeços em tudo que fazemos, as experiências são únicas, e em cada episódio de nossa vida nos mostram atalhos, e deixar pra depois, só vai adiar o inevitável! E em toda nova estreia uma pitada de auto-didata, pois são então os novos rumos a trilhar....

"Autodidata é um ignorante por conta própria." (M.Q.)

Obs. Solo +B:
            Montei a 1ª banda com alguns amigos, e não saímos dos ensaios. Voltei a estudar em casa por um longo período antes de conseguir montar a banda Dick Vigarista que teve duração de 10 anos, trocamos de baixista umas 4 vezes, de vocalista umas 3 vezes; ainda durante o período com a Dick, montei paralelamente com o Janse e o Igor a banda de blues e rock: EscaliBlues (www.escaliblues.com.br), que trocou de baixista e adicionamos o pianista e novamente após 10 anos com os blues, voltamos a ser um trio, recomeço um novo projeto: A+B Solo (www.absolo.com.br), que inicialmente convidei uma lista de pessoas pra participar e acabei optando por um duo. Cada fase dessas tem seus recomeços; e pra mim cada um desses inícios, novas ideias, aprendizado, de convivência com a música e com novas pessoas que marcam cada etapa em que estive envolvido.

A+Braço

>>>Próximo post em 04 de Janeiro de 2013

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com

"Absolutum Est Casualis" 28-12-2012

Cada Vez + Música e + Influências - 7

           Quando criança ouvia muita música em casa, mas era a minha época do "Balão Magico" e em casa tocava de Sérgio Reis a Elis Regina, Renato e Seus Blue Caps a Incríveis, Adoniran Barbosa a Nelson Gonçalves, Trini Lopez a Carlos Gonzaga, Roberto Carlos e tantos outros que tocavam na radiola e depois passou a ser um som 3 em 1, nesse lembro de ter ouvido Dire Straits, Metallica, Caetano Veloso, Barão Vermelho, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, e depois em CD o primeiro disco do Pato Fu (Ainda pela Cogumelo Records), Nirvana, e outros dos anos 90, mas também muitos CDs emprestados de amigos e alguns da época de escola, Blues Etílicos, A Elétrika Tribo, Celso Blues Boy, Muddy Waters, Jonnhy Winter, Elvis Presley, e assim fui aprendendo a gostar de diversos estilos.
           Se me esforçar sou capaz de me lembrar das épocas em que ouvi cada coisa, os primeiros vinis, os primeiros K-7s (sim eu tive acesso a alguns originais, ouvi muito Ultraje A Rigor e os Demônios da Garoa, de tabela em casa), os primeiros CDs, os primeiros VHSs (ficava a tarde em casa e gravava da TV as inúmeras aparições dos artistas que eu gostava, nessa época eu estudava de manhã e ainda num trabalhava) e Laser Disc/Videos Disc (esses formatos nunca mais vi), DVD (acho que as primeiras coisas que vi foram filmes, de música lembro de ver os The Doors em branco e preto), Mpeg, AVI, MKV, e por ai vai...
           Lembro que a música cercava os jovens onde fossem, fui com meu irmão e meu primo assistir ao Batman (com o Michael Keaton) no Cine Brasil em BH, e antes do início do filme passou o clipe de "Há Tempos" da Legião Urbana, aquilo marcou aquela banda e aquele disco também, por vezes encontrei caminhos e pessoas que me indicaram músicas e artistas que me influenciariam não só com o som, mas como estilo de vida e instrumentos diferentes, que me atraiam e me davam certa curiosidade. Assim conheci Brian Setzer, Walter Trout, Chris Duarte, B-Side Players, Blues Brothers, Los Porongas, Hojerizah.
           A primeira banda de "heavy" que ouvi falar antes mesmo de ouvir qualquer som foi o Iron Maiden, meu vizinho fazia uma montagem de caixas de som no quintal e colocava pra tocar os discos (ainda em vinil), e se empolgava. No quarto dele um pôster do Eddie "The Head", sim o mascote das capas dos discos que naquela época causava um estranhamento total e ainda causa a primeira vista. Na cidade não havia muito o que ver de música jovem nos medos dos anos 90, algumas das bandas que tinha lá seus  movimentos entre o rock, o punk e o heavy metal estavam recém terminadas, talvez isso tenha me impulsionado a montar a minha própria banda ("...Ora se você quiser se divertir, invente suas próprias canções..." R.R.).
           Fui por diversas vezes assistir aos ensaios de bandas locais, era não só um passatempo, mas também uma maneira de me deixar influenciar pela música ao vivo. Fui a muitos ensaios da banda de música da cidade, daquele estilo das banda de coreto, e ali eu gostava de ficar perto da tuba baixo (caracol), ficava fascinado com o volume e a pressão dos graves vindos do instrumento, também me chamava muito a atenção o pessoal da percussão, que tinha lá a "caixa clara", um bumbo e os pratos. Já ouvi dizer que o instrumento 'bateria' nasceu de uma dessas bandas, que na ausência de algum dos músicos da percussão, outros assumia o instrumento do faltante, até surgir mesmo a ideia de juntar varias peças num só conjunto de instrumentos.
           Voltando ao post, sempre tenho escrito por aqui dos meus amigos e companheiros de música, cada um deles me apresentou suas influências, que pra falar a verdade a mim parecia nato neles, pois nunca perguntei de onde eles conheciam aqueles discos ou CDs, meu foco com certeza estava no som mais do que na fonte daquilo que ouvia. Gostava de descobrir por mim mesmo sobre as biografias das bandas e dos músicos que me agradavam. Nas minhas primeiras buscas por algo pra ouvir comecei a comprar e gravar em fitas K-7, que mais tarde passaram a ser CDs graváveis até chegar aos MP3 de hoje. Houve um tempo em que iniciei um "exercício" mensal na procura por novos sons, saia de casa pra garimpar em lojas de CDs por sonoridades que me norteiam ainda hoje quando preciso de uma referência.

Obs. Solo A+:
            Não posso me considerar um saudosista, Mas gosto de lembrar das épocas e dos contextos, o que nos movia, e fico pensando que seria diferente se eu tivesse começado a tocar ou gostar de música hoje em dia. O foco no som e nas sonoridades provavelmente seria completamente outro!
            Gostava de tocar junto com meus discos preferidos (Barão Vermelho, Stevie Ray Vaughan, Metallica, Iron Maiden, Engenherios do Hawaii, etc), gastava um bom tempo nisso, ligava o amplificador e os pedais (ou pedaleira) e buscava os melhores timbres baseando no que eu ouvia sair dos alto-falantes, funcionou muito isso aí!
Obs. Solo +B:
           Cada edição que escrevo, percebo que de cada post podem sair mais posts, são muitas as lembranças e curiosidades ligadas aos acontecimentos narrados por aqui, sugiro que as pessoas escrevam nem que seja um "diário" ou mesmo uma agenda com suas memórias de épocas vividas, é como em uma terapia, entender: De onde vem? O que é? E pra onde vai? Fica aqui a dica! Vou tentar ser mais preciso nas datas nas próximas postagens ok! E o mundo não acabou!!!

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com
"Absolutum Est Casualis" 21-12-2012

Na Escola Tinha + Música e + Música - 6

           No final do ano escolar de 1991 conheci um amigo que me despertaria pra música e se tem uma coisa que acredito é naquela frase que diz: "As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem.", e no ano seguinte passei a estudar com essa figura, o Janse. Ele já tocava um pouco violão e eu só ficava assistindo. Meu único irmão é cinco anos mais velho que eu, e tinha amigos que já tocavam violão, muitos desses amigos dele se tornaram também meus amigos. Gostava demais das inúmeras vezes que algum deles levava o violão na escola, ou então aparecia lá em casa com "vinis", do que quer que fossem os estilos: rock, heavy, punk, gótico... E durante uma fase essa moçada aproveitava a ausência dos meus pais (com o consentimento deles) e ficam tocando violão noite adentro.
           Acabei formando uma dupla com o Janse, em trabalhos de escola, na música e na vida; aprendemos várias coisas nesses anos e anos de convivência e amizade que já se perdem no tempo. Estudamos na mesma sala, na escola Leonardo Sadra. Na época tínhamos tamanha paixão pela música que era só ter uma oportunidade e pronto! Estávamos lá de violão em punho pra participar de eventos escolares diversos, era um violão Giannini verde com as bordas pretas, acreditem esse violão ainda existe (taí a foto que não me deixa mentir), pode até não ser bonito, mas é exótico! E foi nesse violão que comecei a aprender e tocar, e com ele me apresentei diversas vezes na escola e pros amigos.

          Na 7ª série, gostávamos de Legião, Engenheiros, Capital Inicial e outras. Houve uma tal "Feira de Cultura" na escola, que foi um momento marcante queríamos tocar, claro! Então eu consegui emprestada de um vizinho uma guitarra em Giannini Supersonic sunburst, do preto até um tom de alaranjado, e o Janse conseguiu com o Caló a tal guitarra Golden (modelo Paul Stanley) preta, achamos aquilo super legal, na escola tinha um amplificador Kute 55, que tinha um revestimento cinza em tecido, ligamos as guitarras nele. Faríamos duas aparições nessa feira, uma no início e outra no encerramento, houve quem incentivasse também, alguns professores e amigos; me lembro até de umas garotas!!! Na primeira aparição saímos ilesos, conseguimos tocar o que ensaiamos; mas ao final da feira, antes da segunda aparição que faríamos, nos vem um amigo e pergunta se poderia cantar uma música junto com a gente, ficamos um pouco apreensivos, mas o cara foi tão convincente e tinha tanta firmeza. Escolheu logo uma música difícil pra cantar (I Used to Love Her dos Guns 'N' Roses) e nós inocentemente aceitamos.
           Era na quadra de esportes anexa a escola onde tinha um palco e um portão de entrada e saída muito pequeno, onde passavam duas pessoas por vez com muito cuidado. A quadra estava muito cheia nesse instante, relembrando aquele momento, me parece que eu via a areia de uma ampulheta passando de um lado para outro, eram as pessoas indo embora com muita pressa, tamanho o desastre causado pelas notas desafinados do nosso cantor emergente, que nos submergia a cada nota e cada palavra emitida. Nunca vi um lugar esvaziar se tão rapidamente.
           Juntamos nossos cacos emocionais daquele momento e fomos pra casa, e nesse momento ouvimos uma canção que dizia assim: "E nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz! Teremos coisas bonitas pra contar/ e até lá vamos viver, temos muito ainda por fazer/ não olhe pra trás apenas começamos..." aquilo nos atingiu em cheio; e de alguma maneira reacendeu nossa vontade de continuar tocando. Nos formamos no primeiro grau e dois anos depois montamos juntos com o Igor a banda Dick Vigarista, mas essa história ainda contarei com detalhes no futuro que remonta nosso passado musical.


Obs. Solo A+:
           Esse post me faz perceber de onde vinham muitas das minhas influências e muitas das ideias que ainda insisto em transformar e usar, e desafiar. Conheci na escola o Adriano Borçari que estudava com meu irmão, e em algum dia que meu irmão não pode ir a aula o Adriano me perguntou do paradeiro do meu irmão naquele dia, e em seguida me deu um pin (broche) do U2, curiosamente o som da banda nunca me atraiu, apesar de ter coisas muito bonitas (videos, letras, ideias e ideais). A "moçada" que sempre levava o violão na escola eram o Lúcio, o "Casinha", o Christian, o Adriano, o Alisson; já o Emerson 'Isquisito' era o cara dos vinis, coisas muito legais ouvi pela primeira vez vindas dele.


Obs. Solo +B:
           A cidade que moro nessa época era muito tranquila e conseguíamos transitar pelas ruas com equipamento e tocar violão nas praças pra passar o tempo e conversar com mais calma e sem o temor de ser assaltado. Íamos pra escola nos fins de semana pra tocar violão ou ensaiar com as bandas locais.


Obs. Solo A+B:
           Este post é dedicado a todos estes que se tornaram meus amigos da época da escola e ainda hoje tenho grande apreço por eles. Nessa mesma era escolar conheci o Agnaldo, que para minha surpresa mais tarde se tornaria o gaitista da banda Dick Vigarista.


Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com

"Absolutum Est Casualis" 14-12-2012

Música + A Comédia do dia-a-dia! (As + Engraçadas) - 5

           Tive a sorte de conhecer as pessoas com quem toquei, todos tinham e têm um senso de humor único, ácido e exclusivo, pois muitas vezes tínhamos piadas internas no nosso grupo, algumas tão específicas que ainda hoje, só podem ser contadas em momentos "remember" da turma, pra poder valer o riso. Na primeira banda que montei (Vidas Secas) fazíamos questão de inventar piadas, e fazer paródias uns pros outros; claro isso nos rendia boas risadas e fortalecia nossa amizade ainda muito infantil e inocente. Depois quando com a banda Dick Vigarista, amigos que convivi durante 10 anos em ensaios, "passagens de som", palcos, estúdios e momentos de traslado, tínhamos um grupo maior de pessoas e culturas diferentes em constante contato humano, rico e expressivo principalmente, o que nos norteava era a música e a amizade, mas sem as graças e as gracinhas eu acho que teríamos sido reduzidos a mais um estereótipo de banda de garagem.
            Certa vez durante uma apresentação numa escola meu companheiro de banda e guitarrista (Caló) foi acometido por uma vontade fortuita de ir ao banheiro tirar a tal água do joelho, chegando ao mictório para a surpresa do nosso gaitista, amigo e também figura (Agnaldo) que se encontraram nesse mesmo "restroom", nesse momento o cantor (Adriano) segurava a guitarra esperando a volta do "bon vivant" Carlos Alberto 'Caló'. Ainda com essa mesma formação a banda se apresentou numa festa e o palco era por sobre o público, o cantor (Adriano), muito inclinado a comédia naquela noite, toda vez que ele segurava o microfone e encostava em algum de nós da banda, tomávamos choque, então foi uma noite de risos e choques, acho que a plateia não deve ter entendido nada.
            Hoje em dia eu entendo que existem algumas coisas que se atraem naturalmente, camisa branca e molho de tomate, xixi de cachorro e roda de carro, banda de rock e ideias mirabolantes, pra não dizer absurdas e porque não dizer engraçadas D+. Num desses momentos criativos e escalafobéticos, tivemos a chance de ter uma mente brilhante a nos guiar, o então "produtor", teve uma ideia que mudaria a história da banda e que provavelmente nos colocaria nas capas de alguns tabloides e jornais sensacionalistas talvez. O rapaz começou a despejar pra nos ouvintes havidos e impacientes por novidades: _"A gente" vai criar vídeos e colocar num telão ao lado do palco mostrando cenas que componham visualmente as músicas, vamos conseguir também uma máquina de "fumaça" (gelo seco) pra dar um clima especial e cinematográfico ao palco; colocaremos também um lobo Guará em cima do palco (que até aí podia ter sido um bicho domesticado e cuidado com carinho e esmero) e uma naja, (opa! ele falou NAJA?! a cobra?), foi nesse instante que o Caló perguntou só por perguntar... "Ué! Mas essa cobra não é perigosa não?". Nosso então mentor intelectual e gênio de última hora, explicou que não..., que as prezas dela seriam arrancadas e que no máximo, durante um bote a cobra poderia quebrar um braço de alguém por se tratar de um animal deveras pesado! Aaah Bom! Que alívio... Tivemos que nos conter pra não soltar uma gargalhada coletiva e não ofender nosso protetor de ideias férteis e cheias de esterco de lobo ou será de cobra? (uhm! e cobra tem esterco?!).
            Quando estamos atuando em palco, não dá muito tempo e também é claro que o foco de nossas atenções é a apresentação (som, luz, performance) e muitas vezes não nos damos conta de pequenos detalhes, alguns eu diria cruciais e importantes para deixá-los de fora. Numa dessas apresentações eis que conseguimos um baixista de última hora (Fabiano), que caiu numa "pegadinha". De repente durante uma música "Cara sua braguilha tá aberta" (vulgo: zíper da calça), só em alguns giros mais intensos de dança de salão vi alguém se virar tão rapidamente, mais uma do amigo Caló, que por falar em comédia, é um grande apreciador tendo me apresentado filmes como os do Monthy Python, Peter Sellers e outros.
            No final dos anos 90 estava em alta os tais "Pocket Shows", que nada mais eram e são, que apresentações acústicas de curta duração, (proposta essa que ainda me agrada) e ao fim de um desses, no caloroso "Bar do Lulú", o cantor se despediu do público e desceu uma pequena escada que chegava ao camarim, embaixo dessa escada o pessoal do bar guardava engradados de bebidas vazios e garrafas, havia um espaço entre a parede e a tal escada, suficiente pra passar uma pessoa; inebriado pela boa apresentação e pouca luz, nosso companheiro passa entre a escada e a parede indo parar junto aos engradados e garrafas, por sorte não se machucou muito, uma camisa rasgada, um corte superficial na altura da cintura e o ego despedaçado...
            Quando comecei a cantar e assumi o papel que cabe ao "crooner", numa dada tarde durante um evento no qual estávamos tocando, resolvi distribuir algumas camisetas de brinde com o nome da banda estampados em prateado, e chamei ao palco quem se interessasse por aquele pequeno mimo (a camiseta no caso), o palco era um tablado e assim que um rapaz subiu ao palco ele pisou no cabo que estava plugado e derrubou minha guitarra, talvez pra compensar o vexame a que ele estaria sujeito, brincadeiras a parte, nem me queixei.
Obs. Solo A+:
            Pra encerar, em Goiânia abrimos o show da banda Velhas Virgens na UFGO e pra terminar a apresentação resolvi dar um salto da bateria até a frente do palco, nem era tão alto assim, mas me desequilibrei e quase fui parar no meio do público. Lição: Salto é pro Humberto Gessinger, ou aquele cara do Van Hallen e pros Kangurus ok!
Obs. Solo +B:
            Acho que toda banda tem personagens, alguns se destacam no quesito comédia, outros no lado empresarial, uns em nadismo, outros em achismo e filosofias adjuntas, mas sem dúvida uma das figuras mais engraçadas com quem já me apresentei foi o Caló, o cara conseguia tirar graça de momentos sérios, o que dava uma leveza a caminhada na música que nos trazia tanta expectativa. Obrigado aos meus companheiros por esses anos que ainda nos rendem momentos agradáveis.


Obs. Solo A+B:
            Claro que não são só essas estórias em todos os anos tocando e apresentando em palcos diversos, mas como diz o título do
post, "As + Engraçadas". Meus companheiros de banda com certeza devem ter suas memórias pra contar, mas deixo pra eles e para o tempo se encarregarem de guardar e arquivar ou deletar esses momentos...
Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com
"Absolutum Est Casualis" 07-12-2012