Condições + Adversas - 38


       Contrário a nossa vontade e muitas vezes por acaso, durante performances artísticas, encontramos algumas barreiras para fazer uma apresentação excelente. Falta de energia elétrica, chuva, frio, falta de equipamento adequado, falta de voz ou mesmo a ausência de um integrante; seja qual for o impedimento "o show deve continuar".

         Em locais com baixa temperatura, grande umidade ou épocas de frio, não é apenas o corpo que sofre, os instrumentos também passam por alterações, pois são um conjunto de peças que misturam madeira, aço, ferro, tensão e precisão. Conhecer o próprio instrumento e se aprimorar no quesito regulagem é muito importante, descobrir como funcionam as partes móveis e seus parâmetros, fazer pequenos ajustes é parte da labuta. Adequar o instrumento rapidamente as novas condições e intempereis é essencial e profissional, assim como carregar os equipamentos com cuidado ou trocar cordas; podem não ser a melhor parte mas está tudo interligado.
       Algumas vezes é a saúde que nos abate, a voz que falha junto com um forte resfriado, seguido de febre, um ferimento mesmo que pequeno pode fazer grande diferença em como percutir um instrumento e alcançar o som almejado. Mas há também a questão do músico por trás de cada nota, acorde, ritmo, que também passa por momentos emocionais humanos, cujo temperamento pode se tornar instável, mau humor, tristeza, irritabilidade, e ainda conseguir contornar estas situações podem ser um exercícios de paciência quando se está em grupo.
       Mas ainda podem existir momentos onde a estrela da sorte deixa de brilhar abrindo brecha para o tão temido azar, e com certeza há dias em que seria melhor não ter saído de casa, hostilidade, contratempo, calamidade, tragédia, e de qualquer maneira as responsabilidades e compromissos devem seguir, a platéia desconhece os bastidores e pouco sabe das contrariedades que muitas vezes é mascarada num boa noite cheio de sorriso e comprometimento escondido por trás das "cortinas".

"O show deve continuar,
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso permanece..." F.M.

Obs. Solo A+:
       No palco nem sempre comédia e/ou tragédia dividem as atenções ("Não é só palhaço que faz rir..." ÂBS), existe mais para se ver por trás de cada elemento sob as luzes e calor do momento, a própria trajetória tem mais histórias. "A estrada é longa, tão bom andar, ontem ali, hoje acolá". J.S./G.G.

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 26-07-2013

+ Da Vida + Da Morte (Vida e Morte) - 37


       Todas as etapas da vida são importantes, mas apenas uma delas é inevitável, sim... A MORTE! Como tenho falado por aqui sobre música misturada a tudo, a todos os aspectos da vida e acasos da condição humana. Sabendo que a música também é um forma de expressar sentimentos, as homenagens às pessoas que deixaram este mundo são inevitáveis.

       Seja o Réquiem inacabado do moribundo Amadeus ou numa homenagem a linha final da existência, vida e morte se unem em canções que tem sempre um "Q" de dor, perda e aceitação. Algumas canções sobre óbito tem lá sua graça, caveiras que se amam, a morte personificada e vestida a esperar numa esquina da vida. "Avisa a morte que eu sou forte e ainda vou viver pra contar os dias, ver passar os dias... eu vou viver" ÂBS
       Quando deixamos de existir não apenas o corpo deixa de estar presente, morrem também os projetos virtudes e vontades do indivíduo; conheci algumas pessoas com tantos dons que prefiro nem imaginar quanta coisa deixaria de existir se por motivo de força maior passassem "dessa pra melhor". "Apenas a matéria vida era tão fina" C.V.
       Mesmo que seja obscuro o cessar das atividades biológicas, experiências de pós-vida ainda são assuntos tratados com certa reserva e ares de ficção científica, claro, ninguém pode garantir o que há depois deste mundo que mal conhecemos, mas a questão é abordada desde que o mundo é mundo. Nas artes sempre é mostrado o lado sentimental de quem retrata através de sons, imagens, textos. Mestres que transformam a dor da perda em obras primas.
       Alguns compositores modernos dos quais tenho conhecimento,  que tiveram seus momentos de reflexão em tempos de lágrima, velório e/ou caixão, a dupla Tangos e Tragédias com a versão de "O Romance das Caveiras", Renato russo em "Giz", "Perfeição" e "Love In The Afternoon", Cazuza e sua "Boas Novas", Rual Seixas em "Canto Para Minha Morte", do Barão Vermelho Vermelho "Guarda Essa Canção", os Titãs em "Miséria" e "Flores", Chico Buarque em "Construção", Caetano Veloso em "Cajuína", Milton Nascimento com "Sentinela" e tantas outras. 

"Eu te detesto e amo morte, que talvez seja o segredo desta vida" R.S.

Obs. Solo A+:
       Nem precisei forçar pra dar qualquer tom macabro pra este post, o próprio assunto já se encarrega de levar até esse ponto, tema tão evitado por muitos, tão vasto e de tão pouca compreensão.  Faz parte do ciclo, a falta de vida, a música e o dia a dia.

Obs. Solo +B:
       Falta de hospitais, cidadania, recursos, merenda escolar envenenada, os cadáveres insepultos da política e música (múmias), falecimento de nossos valores sociais, ética, longevidade cultural e artística,  são os desencarnos de que tenho medo constante, Muito! Mantenho a esperança na vida após a morte... Questão enterrada.

A+Braços cheios de vida!!

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"Absolutum Est Casualis" 19-07-2013




+ Apoio - 36


       O apoio aos iniciantes é talvez a fase de maior importância no incentivo a continuidade, ponto em que acreditamos no outro e apostamos num valor, seja por motivos artísticos, culturais ou ainda por empatia, seja lá como for..., questões mercadológicas ficam de fora quando o artista se expressa, pouco importa a quantos ele atinge, talvez seja apenas uma questão de tempo, talvez uma questão de entendimento. "O primeiro passo é quase o primeiro tombo." ÂBS

       No ano de 1998 a banda com a qual me apresentei por 10 anos, estava novamente em alteração de integrantes, aquela estória de sempre; novos músicos, repertório novo, energias renovadas e uma lista de apresentações para serem realizadas, alguns detalhes foram sendo sanados, eis que surgiu a ideia de fazer uma camiseta patrocinada por pessoas da cidade, amigos próximos, pessoas que gostariam de ter o nome de suas empresas/comércios vinculados a algo musical/cultural. Ainda o prazer indescritível de ver o nome da banda/bandeira que a gente defendia.
       Pontualmente estávamos novamente na "estrada", "dando a cara a tapa", e no instante em que recebemos qualquer tipo de aceitação, fica mais claro que caminho seguir. Comecei a me interessar intensamente por música em meados de 1991, toda a base e conhecimento a que estive exposto me trouxeram aos dias atuais, estimulado pela curiosidade e acesso a novas ideias e contato com parte do patrimônio da cidade onde moro.
       Muito longe de ser uma esponja dos talentos e estilos de vida dos meus ídolos; persevero, insisto em meus textos por aqui e nas gravações ainda sem previsão de término. Gesto sincero que reconheço como sendo insignificante diante da massificação, e claro o poder da "exposição" a que estamos sujeitos. Nem a mídia, a moda, ou boa educação seriam capazes de frear a morte cultural lenta e contínua a que temos visto/vivido. Todos, sufocados pela tristeza disfarçada de gritos de carnaval ou festas/baladas sem propósito, a não ser o suposto "fim do mundo" que começa a ruir toda sexta-feira, (e que nunca termina...) e começa tudo de novo na segunda-feira, o fim de semana tem mesmo um fim! "Afinal de contas o fim do mundo não é nenhum fim do mundo. E se for, descanse em paz" L.
       
Obs. Solo A+:
       Ainda não entendo bem o porque contínuo a gostar tanto de música, mas não fossem os grandes impulsos que tive no início,   o abandono seria inevitável. Recebi apoio logo quando descobri a utilidade e o fascínio dessa arte, e ela passou a fazer parte dos meus dias. Gostaria de dedicar este texto e muitos dos meus ANOS com música, ao meu irmão, meus pais e especial ao meu Tio Haroldo. Obrigado por acreditar...

A+Braços!!!

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"Absolutum Est Casualis" 12-07-2013

Música + Regional - 35


         Garanto que todos já ouviram falar em "música regional", mas poucos se atentaram ao fato de que esse termo está diretamente ligado a cultura brasileira, pois o regionalismo aqui é tão forte quanto as raízes culturais e se tornaram profundas  logo no início do século passado. Filhos da colonização, raças e suas diversas nacionalidades aqui recém chegadas. Em cada região do nosso país se estabeleceram ritmos de etnias distintas, nesse misto, muitos desses ritmos que tomaram conta da MPB, tiveram mutação também nas primeiras guitarras vistas por aqui, as transformações que o público exigia, vinham de acordo com os hábitos e linguagem de cada localidade, o que deu notoriedade a muitos ídolos país afora.

       No início dos anos 80 com o surgimento do "Rock Brasileiro", suas vertentes e influências, assim como a "New Age", o país se viu dividido novamente; mas desta vez por capitanias "rockeiras" e seus principais representantes, no sul bandas como Replicantes, Nenhum de Nós e os Engenheiros do Hawaii, de São Paulo RPM, Titãs, Ultraje a Rigor e os Inocentes, vindas do Rio de Janeiro, Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Gang 90 e Hojerizah, do planalto central bandas como Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Legião Urbana.
          Muitas dessas bandas se propagam ainda hoje, através de alguns integrantes remanescentes ou por hereditariedade. Momentos eternizados na cultura familiar brasileira, passados de geração em geração, o que fica é o legado de cada som que se ouve; medir o quanto aqueles sons do passado foram realmente importantes no comportamento e cultura... é outra história. Seria necessário um estudo mais profundo pra entender todas as tribos e correntes que determinaram as amarras que nos trouxeram aos dias atuais.
         A força que os costumes regionais tem sobre cada um socialmente, pode ser notada principalmente em grandes encontros, sejam artísticos, sociais, políticos ou mesmo num ambiente onde o indivíduo se destaca e se torna exceção. Esse efeito permanece nas entrelinhas geográficas e suas particularidades históricas, linguísticas e misturadas as expressões e dialetos, seja na música instrumental ou na canção, essa é a riqueza de nossas combinações e fusões, mestiços que somos, brasileiros!
Se os anos 80 foram o auge do rock brasileiro, os anos 90 passaram a míngua; nem tanto pela qualidade, mais pela quantidade, pouco se somou (+) naquela época. Lembranças, várias..., ok! Mas como já dizia a canção "sempre mais do mesmo, não era isso o que você queria ouvir?" R.R. As letras/textos anti-culturais, politicamente desengajadas (chover no molhado é nulo!!) e os "rebeldes sem causa", ainda estão por aí! Mudar é preciso, ficar mudo não... ÂBS

"Se o rádio não toca! A música que você quer ouvir. 
Não procure dançar ao som daquela antiga valsa. Não!
É muito simples! É só mudar a estação!" R.S.


Obs. Solo A+:
         Tocando rock a tanto tempo percebo que nos anos 90 quando se falava em rock, bandas novas e novidades estavam rareando, não quero me apegar a gosto pessoal, só acho impossível falar de regionalismo, histórias/estórias e influências sem falar na primeira pessoa.

A+Braço

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"Absolutum Est Casualis" 05-07-2013