Mudar + ... Mudar Pra Melhor... - 47


         Quantas ideias mudaram o mundo? Quanta filosofia (amor a sabedoria) mudou o que conhecemos, conceitos, músicas e mensagens de finalidade verdadeiras, com conteúdo. Feitas principalmente à partir dos anos 50, claro que inicialmente as composições tinham um tom de clamor ou lamento, até por influência do blues, porém passada essa fase onde "reclamar" podia ser mal visto, as convicções nos textos/letras das canções passaram a ter a função abre-olhos e de dar uma direção aos que pouco enxergam ou que mal e porcamente queriam ver, vendo somente o conveniente. Mas estão por aí os textos, os cegos, os que ainda querem mudar o mundo ou quem sabe somente melhorar, talvez fazer alguns ajustes pensados numa convivência mais leal e humana, contrário a quem diz querer ajudar mas que no fundo o objetivo é extrair o máximo... dos outros, o melhor... dos outros e usufruir em benefício de causas menores.

         E qual seria a causa mais importante? Se pensarmos coletivamente é fácil encontrar alguns itens campeões numa imensa lista de afazeres. Perigoso seria misturar algumas questões pessoais aos problemas alheios a nossa atmosfera e fazer disso cavalos de guerra ou de Troia. Fórmulas antigas talvez sejam boas como referência, mas acredito que as mudanças de agora ou as futuras terão seus próprios padrões e parâmetros. 
         Pode ser o problema do lixo, o trânsito, o vizinho, a falta de cidadania que se mistura a falta de educação e civismo, acontece que mesmo quem faz música de protesto às vezes não aguenta tanta reclamação. E Quem aguenta? Toda reclamação requer pelo menos uma boa explicação, mas acontece que a cena em que um cego guia outro, não me parece muito segura e beira a tragédia, pouco podem se ajudar, num mundo onde somos crivados de informações das mais diversas e infundadas fontes...
"Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha, porque eu sou um rapaz latino-americano, que também sabe se lamentar" R.S.
         Nos idos anos 80 muito se falou pouco se entendeu, da Geração Coca-cola ao Bêbado e o Equilibrista, do The Times Are A-Changin’ ao Killing In The Name, não posso fingir que vejo as tais almejadas e bem elaboradas mudanças propostas nos textos que passam anos a fio, como nos dicionários que hoje se empoeiram nas prateleiras, porque ninguém precisa mais saber o que tem dentro deles, ou nas mensagens de canções que sangram em canções "É" de Gonzaguinha, que valem só pela reflexão proposta pelo artista.
         Há também os que vão fundo e se expõe (e até onde isso é relevante), mas que nem sempre atingem o ponto mas dão o que pensar, isso já deixa uma marca nos anos que acumulam as boas intenções e más práticas mundo afora. Péssima ideia é misturar protesto com atos impensados de rebeldes desorganizados, que bradam hinos defendendo bandeiras que eles mal conhecem sua história e confecção, que generalizam qualquer tipo de injustiça encontrada pelo caminho. "Toda pedra no caminho, você pode retirar" R.C/E.C


Obs. Solo A+:
         Aproveito pra colocar uma pequena lista de músicas que tenho certeza que foram feitas e pensadas com atitude e por alguma causa útil: "É / O que é, o que é?" (Gonzaguinha); Bêbado e o Equilibrista (João Bosco); Woman Is The Nigger Of The World (John Lennon); Eu também Vou Reclamar (Raul Seixas); Get Up, Stand Up (Bob Marley); The Times Are A-Changin’ (Bob Dylan); Até Quando Esperar (Plebe Rude); Killing In The Name (Rage Against The Machine); Cálice (Chico Buarque e Gilberto Gil); Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém (Humberto Gessinger); Tempos Modernos (Lulu Santos);Brasil (Cazuza); Inútil (Ultraje a Rigor); Geração Coca-cola (Renato Russo); Against Th' Law (Woody Guthrie).


A+BraçoS e causas a todos!

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"Absolutum Est Casualis" 27-09-2013

Música Digital + A Criatividade Eletrônica - 46


       Já escrevi por aqui sobre algumas das questões analógicas/digitais, dessa vez não falarei de música estritamente digital ou analógica, mas da criatividade do uso das ferramentas de criação, claro que alguns estilos modernos, dançados e cantados por aí, são uma junção de apertar botões e camadas de sons sobre sons, fazendo desse um caminho para existência desse novo; porém em muitos casos não é vazio o quesito inovação, pois trazem pra dentro da canção a novidade, máquinas e ferramentas que recriam oportunidades sonoras para a existência de sons até então impossíveis de alcançar com equipamentos mais antigos. Seja no processo de criação e construção de um novo trabalho, técnicas baseadas em conhecimento, seja dos métodos utilizados para facilitar e dar soluções práticas e rápidas.

         Novas tecnologias criam novos hábitos e na música não haveria de ser diferente, contemplados com a era que se torna mais (+) digital a cada dia, os músicos tem usado e abusado para fundir frequências que só eram possíveis virtualmente ou em laboratórios e salas acusticamente tratadas. Sintetizadores, gravadores digitais, softwares e computadores tudo isso envolvido na criação de canções, o que pode se chamar de música eletrônica, que por incrível que pareça, não seguem uma estética ou moda, mas que são fruto de todas essas vivências populares de comportamento e tradição incorporados à tecnologia, essa sim, quanto mais atual melhor, importante lembrar que a tradição a que me refiro é o conjunto de práticas que tudo tem haver com elementos transmitidos culturalmente.
         Os temas utilizados nas letras/textos das composições variam dentro do que é urbano, tecnológico e por vezes são poesias que dizem muito mais do que o trivial. Não longe daqui, há algumas décadas atrás, a new age já se utilizava dessa matéria prima pra criar sucessos tocados até hoje, força das mensagens por trás de tão poucos sons orgânicos. Essa fusão foi e ainda é, a tentativa de se criar novos estilos, somados a instrumentos eletrônicos e originalidade, inventam assim um novo mundo, gosto e identificação é outra conversa.

Obs. Solo A+:
         Com toda essa parafernália e seus botões, o conceito de Hi-Fi se perde..., o som captado é alterado, distorcido e manipulado ao extremo, na intenção de se alcançar frequências não "naturais", tudo é transformado em informações binárias (novamente os tais 0000 e 1111, zeros e uns). Fotos digitais, sons digitais... daí sempre me ocorre pensar: Onde estão as digitais? O modo individual de cada um de fazer e criar. Manipulados, distorcidos, alterados e pouco captados. O caminho talvez seja o low-fi, tentativa de usar a vertente do "faça você mesmo", agregada a vontade de continuar fazendo e recriando, sem diminuir ou anular a criatividade humana.

Obs. Solo +B:
         Citar alguns dos muitos nomes que me ocorrem ao pensar nesse tema é arriscado, corro o risco de deixar alguém importante de fora, mas historicamente posso dizer alguns bons representantes chavões como Kraftwerk pela criação de sonoridades inexistentes até o seu aparecimento, New Order pelo pioneirismoZique Zique Sputnik pela fusão rítmica proposta, Jamiroquai pelo resgate, rebuscando timbres a muito esquecidos.

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 20-09-2013

Música + Festa + Cultura - 45


          Não posso me considerar uma pessoa festeira ou festiva, arroz de festa que seja, mas já me apresentei diversas vezes em eventos com essa intenção. Saraus, festas de arromba, festivais, multidões, estive frente a frente com pessoas que estavam ali para, de alguma maneira, socializar e fazer daquela reunião, um encontro para ser lembrado realmente, fortes momentos para se guardar "do lado esquerdo do peito, dentro do coração". E posso dizer que um dos fatores importantíssimos dessas "farras" era, sem dúvida, a MÚSICA. Sem música a alegria tem vergonha, a assanhada não se assanha, o dançante não se mexe e não vira caso pra ser contado e repetido pelos amigos e presentes.

          Festas e eventos comemorativos tem sempre um clima que nos faz escolher a trilha sonora, quando criança uma das festas do ano onde a música era muito marcante, eram as festas juninas, que depois vieram a ter outro significado, diferente, se transformando e associando outras vertentes. Os eventos passaram então a ter nome de ForRock (Forró+Rock), misturando cultura e tradição, à modernidade, somados (+) a demanda de grupos e bandas do estilo rock.
          É interessante como algumas das festas mais marcantes do calendário (festas de época), tenham estilos musicais previamente definidos, e que nesse caso as canções sirvam a um propósito bem específico; não que essas canções quase hinos não tenham real beleza ou importância. Natal, ano novo (Réveillon), ou o carnaval com suas já carimbadas marchinhas, sinônimos de sucesso dos antigos carnavais, ainda hoje são lembradas com carinho e saudosismo de quem viveu o auge; o ambiente familiar e de descontração, eram frequentemente encontrados nesses eventos, daí me pergunto: O que ficou dessa atmosfera? Talvez somente a espontaneidade do povo brasileiro que ainda toma conta das ruas pelo país, claro que nem de longe o visual das mega produções carnavalescas atuais lembram os pequenos, modestos e aconchegantes clubes e as folias de bairro.
          Algumas religiões tem nas melodias de canções hinos de adoração, louvor, oração, evocação e meditação, o uso destas melodias entoadas durante as festividades garantem concentração/foco nas atividades e encontros, permeiam de emoções as crenças de seus seguidores, mantras, cânticos e a intenção de cativar e cultivar em seus seguidores palavras de real significado e filosofia, valorosas a fé e suas razões.
          De culturas internacionais herdamos festividades e/ou solenidades, o dia das bruxas (celta), que até onde me lembro não  tem nenhum estilo musical agregado, ou o dia dos mortos (México), antigamente no dia de finados não se varria casa, ninguém brigava, afinal de contas era um dia de luto, segundo sei o rádio tocava músicas tristes e fúnebres, respeito era respeito até o fim.


Obs. Solo A+:
          Percebam que tendo alegria e música como pano de fundo, qualquer churrasco à brasileira ganha ares de festa, nem precisa prestar atenção ao som que estiver tocando, nem é necessário ter um estilo predeterminado, desde que sirva como suporte a animação dos participantes. O "desafinar do coro dos contentes" muito provavelmente terá aparição ao final desse tipo de manifestação...

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 13-09-2013


Música + Urbana Nas Cidades - 44


Embora as etnias não classifiquem os gostos, e sabendo que "gosto não se discute", é com uma outra máxima que fico, uma que diz "somos produto do meio em que vivemos". Quantas vezes nos deparamos com as mudanças nas cidades, moda, comportamento, MÚSICA..., assim também temos os que atentaram e traduziram em forma de canções o que ainda se vê quando perambulamos por avenidas, bares, personagens, cenas; o dia e a noite em paisagens totalmente urbanas.

De alguma maneira ainda somos uma grande aldeia/povoado, as várias tribos e seus novos costumes que podem até causar um choque num primeiro momento, criam até superstições modernas (lendas urbanas), mas que levam a perda das nossas antigas raízes e folclore/tradições. Nossos ancestrais com certeza ficariam surpresos de saber o que nos tornamos enquanto comunidades e divisões de território, a divisão não pode ser mapeada geograficamente nos grandes centros, existem focos individuais e padrões que nem sempre tem a intenção de comandar ou ditar qualquer que seja a nova ordem coletiva, cada um por si e por suas ambições.
Moramos em cidades que nos inspiram e nos influenciam mais do que podemos entender, cultura, ritmo, estilos, ruídos, cores e senso crítico, tudo afetado pela tal "urbe", artistas variados de todas as épocas retrataram sua visão de suas origens ou das cidades que os acolheram e que passaram então a chamar de casa. Algumas das músicas sobre o tema cidade, são criações vindas da admiração/paixão e respeito dos compositores por sua terra natal, mas criticas e/ou desaprovações são bem comuns nesse caso.
Num mar de pessoas com interesses diversos, buscar fôlego pra seguir em frente sem afundar ou ser submergido na mesmice dos prazeres comuns, a selva de pedra, asfalto, concreto e semáforos, tecnologia e algumas coisas que não são mesmo novidade  pra ninguém, "olhos que se conectam, espelhos da alma... Entendo que nem todos concordem e possam achar que estou filosofando e talvez tenham ideias melhores e mais cheias de 01101110011000010110010001100001 (zeros e uns). Apenas uma certeza me ocorre, o lado humano ainda há de reclamar!! ÂBS"

"A cidade não pára 
A cidade só cresce
O de cima sobe
E o de baixo desce" C.S.

Obs. Solo A+:
A vida na cidade grande pode ser mesmo aterradora, a criatura que sofreu metamorfose e se tornou o homem moderno mete medo pela falta de senso coletivo e cidadania, em contra partida podemos dizer que todas as "grandes" cidades um dia foram pequenas e já foram qualificadas como áreas rurais, na maioria dos casos a evolução é violenta e vaidosa.

Obs. Solo +B:
Só pra lembrar algumas das canções mais conhecidas sobre o tema desse post: Sampa, Muros e Grades, Música Urbana, A Cidade, 175 Nada Especial, New York - New York, Anoiteceu em PoA, Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você), Brasília, Aquele Abraço...

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 06-09-2013