Tabu + Música... - 30


           O que pode ser misturado com o que? Já ouvi gente misturar samba+rock, maracatu+rock, blues+rock, jazz+rockabilly, progressivo+heavy metal, mas não pensem que os tabus se limitam aos sons, por trás das notas de uma melodia provavelmente existem pessoas e suas culturas, histórias e trajetórias carregadas de lições, diretamente ligadas a toda essa conjunção. Já falei aqui sobre algumas dessas misturas sonoras, mas poucos fazem isso com maestria, pois muitas das tentativas beiram ao absurdo amadorista e inexperiente, a falta de conhecimento de causa, nesse ponto o meio-termo é incerto, como cantar, ou você canta, ou não canta, e ponto final!! "Eu quero me esbaldar, quero lavar a alma / Quem sabe, sabe; quem não sabe, bate palma" R.R.M.

           É sempre complicado misturar estilos de épocas diferentes, vários criadores e precursores de estilos tiveram problemas com os RADICAIS "livres"? E em embates como esses que chegam sempre aos extremos, acusados de extermínio da cultura, quando na verdade a ideia principal é difundir. Na intenção de fundir/somar (+) o culto/tradicional e o moderno, tentando assim criar uma novidade, movimentando a cultura em outras direções que não tenham barreiras. Em tempos onde o som que se compra, é o que se quer vendido... e antes fosse apenas isso, a massificação transforma o ridículo em produto de venda e a preços acessíveis, enquanto o cult/elite cai dia após dia, no esquecimento e saudosismo nessa terra sem memórias.
  Faço votos que as tentativas de encontrar a nova música brasileira sempre aconteçam, e claro, existem muitas máximas que não se curvam as novas modas e tendências, e em todos os sons encontrados em nossos discos preferidos sempre existirá uma fonte, uma razão, um início. Nada passa a existir de uma simples brisa, por mais simples que pareçam as melodias e/ou acordes existem ali histórias, claro que pra quem gosta de histórias... "A porta aberta não diz nada, pra quem não vê além..." ÂBS.
       Revoluções foram causadas pelos que ousaram por seus acertos e erros, mostraram através de suas ideias, mudanças de comportamento, moda e variações estilosas. Traziam e trazem a luz a verdade sobre os próprios valores sociais utilizados. Pensar que o surgimento de novos grupos/bandas, jovens e suas canções, criaram marcas na história da nossa frágil sociedade ocidental, discos proibidos, acordes proibidos, frases proibidas,  comportamentos não aceitáveis,  roupas chocantes demais, músicas imorais, atos que nos dias atuais seriam incensuráveis. O tempo passa, os costumes mudam, as palavras são esquecidas, fica apenas a lembrança de que algo foi feito.

"O homem mais sábio que já conheci me ensinou uma coisa que jamais esqueci. 
E embora eu nunca tenha esquecido, nunca a memorizei também. 
Então, o que me sobrou foi a memória de ter aprendido algo muito sábio a qual não consigo me lembrar." G.C.

Obs. Solo A+:
           Tabus também podem ser traduzidos como medos... Sim medos, de uma sociedade que ainda não preparada para tratar de assuntos que ainda causam desconforto, ou por não ter luz sobre um determinado tema, ou mesmo por ignorância...

Obrigado e A+Braços

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"Absolutum Est Casualis" 31-05-2013

O Lado Musical + Feminino - 29


           Por vezes nos deparamos com as forçadas "igualdades desiguais"?! O desequilíbrio que passa despercebido, o lado feminino na música não é mesmo igual..., melhor ou pior, é único! Em meados dos anos 90 lembro de ver bandas completamente femininas como as L7, ou as que tinham mulheres como força criativa e intuitiva, como na banda Pato Fu com a Fernanda Takai, ou a inesquecível Cássia Eller. Nos anos 70 tinha uma moça talentosíssima, a cantora e baterista Karen Carpenter (Carpenters) e aqui no Brasil a cantora e musicista, Rita Lee dos Mutantes. Banda essa que foi responsável por muitas das evoluções na cultura musical da MPB.

           Devo admitir que as cantoras populares nunca me chamaram muita atenção, sempre estive mais atento as vozes eruditas e/ou "exóticas", porém as primeiras vozes femininas da quais me lembro, são também alguns dos nomes mais conhecidos da música brasileira, entre elas Clara Nunes, Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina, Wanderléa, Celly Campello e outras cantoras da "Jovem Guarda". Em alguns dos grupos de rock dos anos 80, podia se ver a presença de garotas como a jovem Paula Toller, Alice Pink Pank, ou as meninas da Blitz. Ainda que as participações fossem visuais, era também um diferencial no som desses grupos que iniciavam ali, a nova trajetória da história musical do país.
           Em alguns estilos musicais as vozes femininas se tornaram indispensáveis e muitas vezes indissociáveis, como nas bandas do axé music ou as cantoras do metal sinfônico, mas ainda somente como vocalistas, pois vê-las e ouvi-las executando instrumentos a não ser os eruditos, (violino, flauta, cello, harpa...) que é o caso bem mais comum. Porém são poucas a oportunidades de vê-las tocando contrabaixo ou bateria, me parece que existe um relutante tabu em relação à musicalidade das moças, e espero que com o tempo isso se torne nulo.
           Não fossem infinitas as nuances possíveis dentro da música, ainda existe a possibilidade de acrescentar uma gama enorme onde existe a atuação feminina. Não poderia deixar de falar de expoentes culturais e de época como no caso da compositora e pianista e maestrina: Chiquinha Gonzaga, que ultrapassou diversas barreiras sociais contemporâneas por amor a música.
           Nesse universo musical tão amplo, não poderia dizer que a música tem sexo... tão pouco quero ignorar os fatores sócio-culturais, mas a falta da percepção dos gêneros e suas limitações físicas, tem causado desorientação. A distinção aqui é somente biológica.

Obs. Solo A+:
           Estive em São Paulo com meu amigo Adriano em 2010, onde assistimos algumas bandas bem legais da terra da garoa, uma dessas bandas quando anunciada não me chamou a atenção em especial, a banda Maquiladora (espécie de moinho), mas uma vez iniciado o som da banda das garotas, que tocavam rock, fiquei surpreso e feliz em saber que existe tal banda, prova que mudanças acontecem e estão por vir. Ótimo.

Obs. Solo +B:
          Contraltos, Mezzos ou Sopranos, a voz feminina pode ser uma ferramenta musical infalível no manejo com as palavras, claro que quando generalizo, estou falando das unanimidades e não das exceções...

"Exceções não são sempre a confirmação da regra antiga; elas podem também ser o precursor de uma nova regra." M. v E-E.

A+Braços

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"Absolutum Est Casualis" 24-05-2013


O Que Não Se Compra + - 28


           Afora os equipamentos que se tornaram raros, existem elementos na música e arte que nem tem preço e que não podem ser pagos por valor nenhum. Já vi novos talentos que muito jovens, demonstravam "facilidade" em executar algumas passagens complicadas musicais ou artísticas, mas apenas com o tempo aprenderam realmente a utilizar suas proezas em benefício próprio. Dinheiro não compra musicalidade, mas pode distrair sua atenção e até bancar equipamentos/instrumentos. Nem todos nascem com a capacidade de se expressar humanamente ou artisticamente, alguns vivem sobre os muros esperando o momento de escolher um lado, mas é sabido que essa escolha um dia virá.

           Na certeza que a caminhada tem muito haver com o aprendizado, assim como olhar pra dentro de si mesmo, falo sempre por aqui de minhas vivências e trajetória. E pra chegar onde? Aqui mesmo!! Sou um quase músico/diletante/amante/amador e já andei muito por aí pra tocar/apresentar, assistir/presenciar momentos que constantemente remontam um aprendizado, aprendi muito mais sobre música experimentando, do que lendo ou somente ouvindo. Re-aprendo, re-invento e recrio o que conheço, "não se pode criar experiência. É preciso passar por ela." A.C. Desaprovar um time de futebol, dizer que alguém não canta bem ou não executa bem um instrumento, mesmo notando que intenção de tais considerações são falhas e sem conhecimento de causa, imagino que caia na simples ideia do "falar por falar"... "Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar" A.L.
       O aspecto artístico atual é totalmente comercial/irracional que ridiculariza a história, o rock inicialmente era música de diversão/dança nos idos anos 60, o barroco do século XVI também, a mu-dança nesse caso é chamada de EVOLUÇÃO?! A longa caminhada sonora daquelas 7 notas musicais (1-dó 2-ré 3-mi 4-fá 5-sol 6-lá 7-si), mesmo que tenha trazido mutações estranhas e muitas vezes de níveis mínimos, também trouxe sonoridades atonais, de qualidade rítmica duvidosa e não longe das tribais. Metamorfose musico gênica  organicamente ligadas as raízes do desenvolvimento do ser humano. A velocidade e o estardalhaço que fizemos pra chegar a esse ponto do tempo, nos trouxeram a essa estrada empoeirada, onde não se vê adiante e com tanta poeira levantada pouco se vê de onde viemos. Assim o caminho mais curto entre os cumes das montanhas é próprio cimo, porém para alcançar é necessário ter pernas longas, ou então longa caminhada...
           Nunca vi ninguém comprar litros de criatividade, quilos de perseverança, metros de propósito, boa vontade, planejamento  ou profissionalismo que seja; assim entendo que não estão a venda. A aposta numa fórmula visual, rítmica e sonora que tem como alvo a desconstrução de valores culturais de tradição e civilidade, tem trazido a nosso convívio o desmantelo social e a vulgarização da associação e empatia de um grupo enorme de pessoas.


Obs. Solo A+:
           Não se fala apenas quando se usa as cordas vocais, existe toda uma sucessão de movimentos involuntários e conhecimentos prévio de um vocabulário, para assim existir a formulação de ideias e frases que terão organização lógica para se alcançar um propósito/intenção.

"Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar." F.N.

Obrigado e A+Braços...

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"Absolutum Est Casualis" 17-05-2013

A Ponte + O Elo + Música - 27


           Quando iniciei minhas primeiras aulas de violão, frequentava meios onde se falava de música como sendo assunto do dia, um lançamento de disco era coisa importante naqueles tempos, ouvia falar sobre alguns estilos e artistas dos quais tinha curiosidade em pelo menos ouvir, fiz algumas tentativas pra chegar a esses sons, cheguei a ter gravados em fitas K-7, discos de jazz de vertentes variados, ou ainda coletâneas de rockabilly, ou discos de bandas estrangeiras e estranhas. Algumas dessas experiências sonoras do passado que se repetiriam novamente alguns anos mais tarde, a redescoberta desses sons vinha de um caminho natural para um aprendiz/diletante de música.

           Através de misturas de estilos descobri o que era preciso para entender o que ouvia... um elo, uma ponte, alguma ligação para me conectar a sons já conhecidos, nesse caso o aprendizado por associação foi o caminho que encontrei para passar a ouvir "discos" que no passado pouco entendia e mal conseguia me ater. Entendo que não conseguimos partir do nada para chegar ao conhecimento, claro estou falando das unanimidades e não das exceções, existem casos de mentes brilhantes com certeza, mas na maioria dos casos o aprendizado vem com a experimentação. De "tabela" aprendi a ouvir coisas brasileiras e dar valor aos sons da nossa terra, mas foi pela pesquisa que realmente encontrei muito dos sons que pretendia aprender a reconhecer.
           Quantos hoje em dia conseguem ouvir álbuns inteiros de qualquer banda ou estilo que seja, pode ser por curiosidade, as mídias atuais nos deixaram acomodados, e pra falar a triste verdade antes fosse somente culpa das mídias ou da média mídia que transforma o simplório em super e o simples em simplório. Falta paciência pra ouvir; mesmo os "clássicos" da música são facilmente editados e recriados para atender uma "nova" versão com cortes, quase censura, como se fosse proibido ter músicas longas ou com partes instrumentais, o produto dessa industria   que explora a arte são músicas estéreis, incapazes de produzir frutos.
            Não sei em que época aconteceu, mas a música que deveria ser trilha sonora passou a ser ou foi rebaixada a música de fundo. Em muitos locais públicos não se consegue nem determinar que som está tocando, barulho de fundo! Nessas horas fico sem chão, minha ponte balança, perco a ligação e me separo do prazer que a música deveria proporcionar.
           
Obs. Solo A+:
           Muitos dos novos sons que passei a ouvir graças as antigas ligações sonoras, vieram de discografias que não se esbarram na minha discoteca e/ou Mp3teca?! Por isso vinham de diversas fontes, boas referências..., amigos, programas de rádio e tv dedicados a música de verdade, matérias que lia de revistas especializadas, uma entrevista com palavras que diziam "o algo mais (+)" sobre música. Somou + + + com certeza...

Obs. Solo +B:
           Alguns dos artistas que interligaram histórias e músicas: Brian Setzer que usa elementos do rockabilly+jazz+surf music, John Pizzarelli gravou um cd com músicas dos Beatles, Stevie Ray Vaughan que misturava o fraseado do blues tradicional com o rock inspirado por Jimi Hendrix, que transformou músicas do folk e chavões do blues em hinos de rock, onde dentre os seus discos preferidos estavam os de Bob Dylan e Freddy King. O mesmo Stevie Ray Vaughan (SRV) que tocou com Tommy Shannon que foi baixista de Jonny Winter que tocou inclusive no festival de Woodstock em 1969 e no mesmo festival Joe Cocker apresentou sua versão para o música "With A Little Help From My Friends" dos Beatles. Os britânicos do Queen que fizeram por algumas vezes versões de Little Richard, cantando a famosa versão de Elvis Presley para Tutti-Frutti, são apenas exemplos da falta de barreiras. "Você talvez diga que eu sou um sonhador... mas eu não sou o único" J.L.

Obs. Solo A+B:
            Receio não corresponder as expectativas e mudar as coisas como elas são, poder mostrar a música como a vejo?! Escuto, ouço, respiro, vivencio. Encontro música em tudo, até em pequenos gestos, pequenos fragmentos de sentimentos transformados em notas musicais. Tem até um exercício que fiz algumas vezes que consiste em escrever numa folha de papel alguns sentimentos (medo, raiva, ódio, alegria, felicidade, etc...), e tentar passar para o instrumento através de notas ou ruídos, esses estados. Coisa difícil de alcançar hoje em dia onde quase tudo é barulho...

Parabéns pra mim e pro Luiz de Bessa!!!

A+Braços

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"Absolutum Est Casualis" 10-05-2013

O Som, A Soma (+), As Lacunas E As Alcunhas... - 26


           Em meados de 1994, existiu um trio que nunca mais ouviria música da mesma forma. Na guitarra: Feioral + na bateria: Presuntinho + no baixo: Vassoura Maluca. Batizados assim por um comediante de plantão e vizinho dos ensaios de uma banda ainda sem nome até aquela ocasião, mas que encontrariam na comédia, mais precisamente nos desenhos de animação a forma e o nome pelo qual seriam conhecidos durante os próximos anos. Os apelidos "carinhosos" são lembranças de uma época de soma (+) e amizade sem precedentes, onde descoberta e diversão misturavam se facilmente.

           No início tudo era divertido, carregar equipamento por um quilômetro pra ensaiar, ensaios com durações maiores que 3 jogos de futebol profissional, equipamentos limitados e nunca reclamávamos do som... Éramos jovens, descobridores da nova terra dos conhecimentos infinitos, a música. Pra nós, passatempo, alento e a alegria de poder passar pela adolescência juntos, amigos incondicionais. Alguns ficaram pelo tempo, muitos porque foram incapazes de diferenciar a realidade da imaginação, rumos diferentes, focos diferentes, lentes diferentes, mudamos de tela e de luzes, uns para a escuridão, outros para o nada e por nada.
           Parece muito simples juntar 7 amigos pra montar um grupo musical, gostos que variam com os estilos existentes (rock, blues, erudito, MPB, grunge). Tive a sorte de conviver num grupo de amigos, onde cada um zelava por seu gosto, espaço e estilo, aprendi um pouco com cada um, o convívio nos libertava da futilidade e transformava simples ensaios em palcos de aprendizagem.  "O sábio me disse a vida é uma escola" ÂBS. 
           Diversas formações e montagens tiveram aquela banda, mas as lacunas estão por aí, assim como no dito popular que diz "o que é seu está guardado" ou então "somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos" A.S-E. Não existem substitutos para pessoas, para estilos musicais ou para atitudes pessoais, aprendemos com o tempo ou com a falta de lealdade, a suportar a distância dos verdadeiros amigos.
           Relacionamentos dos mais saudáveis, sim, amigos verdadeiros do tipo que com o passar dos anos não ficam mais fáceis de encontrar. Incapacidade, incompreensão ou intolerância? O ser humano não fica menos complicado com o passar dos anos, ficamos mais sabidos, complexos e criamos uma carapaça que se quebra a cada encontro. "Fazer um sábio no presente exige mais do que se exigiu para fazer sete no passado. E atualmente é preciso mais habilidade para se lidar com um só homem do que antigamente com todo um povo." B.G.


Obs. Solo A+:
           Coloquei uma foto de uma blusa confeccionada a mão (handmade total, Do It Yourself - DIY, artesanal mesmo), da época do trio inicial; algodão com tinta preta, estilete pra recortar o papel e muita vontade de ver o nome da própria banda estampado numa camisa, prazer indescritível, como a primeira bicicleta, dizem que quem aprende a andar nunca esquece...

Obs. Solo +B:

           Ah me esqueci de dizer que o primeiro nome era pra ser "Capitão Guapo", mas como já havia uma banda que tocava bem e tinha esse nome, resolvemos fazer o inverso, daí Dick Vigarista.

Obs. Solo A+B:

           Texto hoje, só pra dizer que não me esqueci de onde veio toda minha história com a música, "quem tem amigos tem uma segunda vida".

A+Braço à todos especial aos Amigos!!


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"Absolutum Est Casualis" 03-05-2013