Arte + Visível, Música + Invisível - 43


         Mesmo que minha memória ainda pouco falhe, sempre me lembro de personalidades da música que se tornaram personagens, a exemplo disso o homem por trás do personagem fica desconhecido, e sobre a verdadeira pessoa, o personagem....ihhh compliquei?! Nem tanto, veja o caso do querido Luiz Gonzaga que teve parte de sua vida contada em filme, ou em contra ponto a nossa realidade, os The Doors, pouco se fala do lado pessoal, os homens por trás das músicas, sou um fã nem tão estudioso dessas figuras espalhadas por aí, histórias que nos enchem os olhos e povoam o imaginário coletivo, indagações subjetivas, falta de imaginação, falta de tempo, tempo de sobra... "O tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo." M.A.

         Se parar pra pensar temos variados modos de perceber o visível (porém nem sempre louvável), do que é invisível, tudo questão de ponto de vista, claro! Como pra quem vê a cidade de dentro do carro, o pedestre também fica invisível, pouca beleza se percebe na velocidade, detalhes que passam, o vento passa, as folhas do calendário. O som que toca é tão invisível quanto a fonte causadora. O movimento das partículas do ar; é como o som deveria propagar, cada vez cai uma folha do tal calendário tenho a impressão de estarmos entrando numa era próxima ao vácuo, em que movimentos desordenados/exagerados, onde o raciocínio não é mesmo muito necessário, regados a fatores econômicos e socioculturais, que no máximo nos deixam escolher o canal/estação ou rede social.
         Talvez a música seja mesmo a arte mais invisível, notas musicais que trans+formam os sentimentos invisíveis, em canções que passam a ter importância dentro de cada um, de acordo com o momento/contexto em que ouviu pela primeira vez determinada canção, seu valor e relevância na nossa trajetória pessoal intransferível. Arte que clama por entendimento e dá margens a interpretação, não se limita a estilos e moda. Limitados somos nós, procurando fins que justifiquem os meios, com meias palavras e meios termos, no âmbito financeiro, na forma como a TV nos educa e nos deixa cegos, vidrados em falsas verdades e deixam absurdos invisíveis.
         Bons tempos aqueles em que ver o artista em pessoa valia alguma coisa. Hoje em dia a fama dos personagens precede os feitos, nomes estampados em tapumes e outdoors, escritos em letras que disputam em tamanho com seus egos, visíveis até mesmo pro pior cego. Minhas condolências aos pintores que tem seu valor roubado (não diminuído) pela digital arte; facilitadores do trabalho de observação e aprendizado constante, que muito se deve a sensibilidade e aos pequenos detalhes, estudados pelos olhos atentos e técnicas apuradas pelos anos de estrada e/ou horas de voo, pincéis invisíveis aos bits e bytes. A velocidade do processo de impressão dos livros, que tornam um novo lançamento ou mesmo os consagrados volumes, em páginas de papel invisível no corre da vida, mas que enchem as megastores que só ficam em minúsculo aqui, nesse texto que dentro em breve também ficará invisível.

"Só se vê bem com o coração (conteúdo imperfeito), o essencial é invisível aos olhos." A. S-E.

Obs. Solo A+:
         Artistas de todo mundo mostram sua cara na TV, na internet e mídias, passo a acreditar que a música fica invisível quando mostram apenas um infinidade de qualidades visuais, boa performance e belos instrumentos, fica difícil de saber até onde entendem a sorte que tem. Falta o conteúdo de tudo isso, nem é fácil encontrar uma nova ótima sonoridade, o novo bom pouco acrescenta de verdade, textos que subestimam nossa capacidade social inclusive...

Obs. Solo +B:
         Reis do rock, rei do baião, o lagarto rei, o rei do carnaval, o rei do futebol, com tantos reis num dá nem pra sentir saudades da monarquia. Heróis de cartola, anéis e correntes, capa e bota, caricaturas e seus estereótipos, em qualquer que seja o ponto em que suas características possam se fundir/confundir.


A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 30-08-2013


Ainda + Esperança - 42


         Não é à toa que popularmente a cor da esperança seja o verde, é preciso reconhecer a importância da natureza em nós, para os seres viventes das grandes cidades já se tornou uma prática comum, dar uma fugidinha para o meio do mato. É uma forma de encontrar com o lado mais (+) orgânico da vida, mas é sempre por pouco tempo; acabamos voltando pra nossa realidade, enfrentar poluição, assistir a notícias sobre desmatamento e queimadas... e como é triste ver árvores queimadas, toras de mais de 10 metros que foram moto-serradas, e que quando caem dos caminhões são abandonadas nas estradas. Me lembro que em algum momento durante meu aprendizado de música, pensar que a matéria prima principal para a confecção da maioria dos instrumentos musicais é a MADEIRA... mas comparada aos diversos maus tratos ao planeta e a devastação das florestas que nos saltam aos olhos, a culpa dos músicos e seus queridos instrumentos é minúscula, feitos muitas vezes de madeira de reflorestamento e que chegam através de meios "legalizados". Ficava pensando em quanta gente estaria procurando novos materiais para a construção de cordas e partes de guitarras e instrumentos de madeira, pelo visto pouquíssimas.

         Como sempre na história da humanidade, artistas se puseram a estudar a natureza, alguns na tentativa de copiar as obras ali perfeitamente construídas  outros a transformar em visões de quase paraíso, quando enfim desvendavam a beleza por trás de fenômenos como chuva ou vento. Falar dos males que temos feito ao planeta (e com isso a nós mesmos), é um pouco mais recente e chocante, sempre que ouvimos uma mensagem sobre o assunto todos entendemos, mas fico na dúvida... afinal, nas mãos de quem está a força pra mudar o rumo?

"O que fizemos para o mundo? Olhe o que fizemos!"
"Agora já não sei onde estamos. Embora saiba que fomos muito longe" M.J.

         Não é tão difícil encontrar absurdos criminosos contra biosfera, hidrosfera ou qualquer outra parte da onde a vida lute pra sobreviver por instinto e seguindo um curso próprio, porém geograficamente os disparates contra a natureza serão sempre classificados como crueldade, independente de língua, credo, cultura. Artistas do mundo inteiro já fizeram suas canções transmitindo suas mensagens e seus apelos em prol da ecologia, lamentavelmente muita gente não gosta de música, não gosta de natureza, não gosta de nada e não vê valor em nada.

"Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro" R.C./E.C.

         Sem querer levantar qualquer bandeira que seja, e acabar passando por "eco-chato", acho que se tornar consciente é mais importante, ninguém precisa sair comprando tudo reciclado e sustentável, até porque isso só geraria mais lixo e nem adiantaria tanto assim, naturalmente me ocorre que a engenhosa junção da doçura do mel e o ferrão da abelha, tem tudo haver com nosso desdém pelos cuidados com nossa própria casa, o planeta terra.

Obs. Solo A+:
         Me lembro uma das primeiras vezes que ouvi o "grito" da natureza, um trator contratado para fazer limpeza numa área onde seriam demarcados novos lotes, lá algumas árvores onde viviam alguns pássaros, desabrigados e sem rumo, as voltas e voltas em voos rasantes por sobre a máquina. Infeliz do ser humano que não reconhece nos animais algum sentido de irmandade.

"O homem antigamente falava com a cobra, o jabuti e o leão, olha o macaco na selva, não é macaco baby, é meu irmão..." J.M.

Obs. Solo +B:
         Ok, tudo muito bonito e muito poético, mas de verdade não estamos fazendo o suficiente pra reduzir impacto dos abusos excessivos aos recursos naturais, a reconstrução desse quebra-cabeça que temos desmanchado insistentemente, é trabalho que ainda agora está nas mãos dos que aprendem desde cedo como dispensar lixo, reciclar e reaproveitar, e assim gerar menos resíduos. Temo somente que aprendemos muito lentamente e destruímos muito rapidamente.

Obs. Solo A+B:
         Ecoturismo, efeito estufa, ecofriendly, dendrofobia (medo mórbido de árvores), sustentabilidade, CO2/CFCs, ISO 14001, pós-consumo e resíduos sólidos, transgênico, combustíveis fósseis... ONDE QUEREMOS CHEGAR?!

"Ninguém supõe a morena / Dentro da estrela azulada / Na vertigem do cinema" C.V.

A+BraçoS verdes de esperança!

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"Absolutum Est Casualis" 23-08-2013


Talentos S/A + Sociedade Anônima (S.A.) - 41


         Tanta gente boa por aí e nós por aqui, fazendo e acontecendo, nada de "mainstream", sem seguir as correntes principais de moda e estilo, habilidade de criar e transformar a mesmice em novidade, quase uma questão de resistência cultural. Nos anos 80 algumas das bandas rotuladas como pós-punk eram, na verdade, o underground (submundo) de suas origens; o clima soturno perdeu força e saiu em busca de luz e reconhecimento. Num primeiro momento, aos olhos e/ou ouvidos do grande público, pouco importa qual a trajetória/história por trás de um novo rosto que fala porque quer, e se expõe por vontade própria; mas deixa marcas nos mais próximos, amigos, ouvintes, apaixonados pela novidade e arte.

         Os equipamentos também passam por esse purgatório entre o desconhecido e o aprovado, buscando identidade sonora experimentar é preciso. Nesse campo tecnológico muitas das consideradas "engenhocas" se tornam criadoras de estilos, moldam e descobrem novas habilidades, extraindo da pedra a escultura; e quando a estátua passa a ser cultuada, o underground se transforma em mainstream e um novo underground surge, o ídolo saiu da pedra.
         Alguns dos estilos musicais mais tradicionais também tem seus anônimos, conhecer esses nomes é coisa apenas para os iniciados. Um seleto grupo de pessoas que já fizeram e aconteceram pela música/arte, tornaram se perfeitos em suas buscas pelos feitos , e são reconhecidos fora do seu tempo, eclipsados por seguidores e fanáticos vorazes.
         Música alternativa, seja pela nova escolha ou pela tentativa de revezamento, a busca em se tornar foco, de crescer, aprender, evoluir e desfrutar desse caminho quase inevitável, é o que torna ainda mais instigante e incontrolável a ousadia rumo ao desconhecido, o futuro...
         Não posso deixar de falar em blues, pois existe um sem número de artistas colecionáveis que deixaram um legado, seja em forma de canções e registros fonográficos, ou nos trechos históricos agora dedicados as suas façanhas, encontros e desencontros. Alguns talentos naturais se converteram em figuras fáceis e acessíveis, pra ganhar a vida através da aptidão/dom, muitos tornaram-se parte de um mercado frio, controlador e consumista, empresas em pele de músicos e artistas. Money talking...
         Gente que depois da fama nunca mais se preocupou em falar de política, sociedade ou luta por qualquer que seja o direito, a exemplo disso estão por aí os tais "cadáveres insepultos" da MPB, pouco usam da velha verve incisiva, ferina e mordaz, contra o tsunami anti-cultural que varre o país de geração em geração.

Obs. Solo A+:
         Underground é onde nasce quase tudo que se torna popular, pequenos feitos e grandes esforços, sem os louros e atenção da mídia, o laboratório onde "loucos" pesquisam, dando novas formas, reinventando fórmulas e bebendo de poções rejuvenescedoras, deixando uma herança/legado aos mais atentos.

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 16-08-2013


... + Uma Vez..., O Novo De Novo - 40


          Embora com minha ainda pouca idade, assisti a algumas mudanças tecnológicas, sociais e culturais que afetaram fatalmente a música, para o bem e para o duvidoso. A facilidade e velocidade que músicas de "sucesso" são "criadas" e veiculadas é assustadora, os "home studios" vieram mesmo pra ficar e marcar uma geração de novos sons, mas também alterações culturais que converteram gentileza em LUXO. Outro ponto em que esbarraríamos na questão contemporânea, é conseguir determinar o que é novo, e à partir de quando ultrapassou o prazo de validade, isso se não estiver nas "embalagens", experimentar talvez seja uma boa ideia. 

          Muito dinossauro e pouco ovo, monstros nascendo do nada e por toda parte, como em filmes de terror ou ficção, em que saem dos esgotos e submundo, fazendo uma metamorfose diária incompleta e agonizante que beira ao caos, atacando a quem quer que se mova. Talvez seja apenas o ponto de vista, quem sai do escuro e se torna foco não nota o espanto coletivo, é tudo novo também, passam a fazer parte da novidade, antenados, digitais, nada de escolher lado, resistência ou aceitação, os conceitos são outros, gerações em constante mutação.
         Lembro de ir ver bandas que chegaram a ter até 2 carretas de equipamentos, hoje viajam com apenas um ônibus de equipe, pouca aparelhagem. Chips de computador (circuitos integrados) tornaram possível ver famosos guitarristas trocarem seus apaixonantes sons de guitarra, por simuladores virtuais; não que não valha mais à pena sair de casa pra rever os mestres, mas há algo de diferente, monitores de retorno de palco que viraram pequenos fones de ouvido, grandes amplificadores que passaram a ser simulados por pequenos pedais e aparelhos de chão, a novidade era a falta de glamour, o encanto se perdeu no tempo, fez pensar, mas "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais" B. Apaixonados por música ou qualquer coisa que valha a pena, sabendo e tendo a consciência de que o novo sempre vem.
          Conformidades lastimáveis à parte, alguns aspectos são notoriamente o imã que nos atrai, artistas são mesmo figuras únicas em seus pequenos universos, tem capacidade criativa individual que atingem o público em várias dimensões, seja pela beleza dos textos, falas e pensamentos ou ainda a sensibilidade transformada em arte, lições de vida pra guardar e aprender, afinal de contas somos dos poucos seres vivos que aprendem com os erros.


Obs. Solo A+:
          Rolos magnéticos usados em gravadores de estúdio X HDs, fitas de vídeo VHS X DVD, Vinil / Fitas K-7 X Compact Disc, Diquetes X Pendrive/CDs, Mega-Giga-Tera, Analógico X Digital, o simples X simplório, ASA 100-200-500 X Megapixels, TVs com tubo de imagem X LCD X LED X sei lá mais o que..., essas são apenas algumas das substituições que convivi de perto, mas nem tudo caiu em desuso, o bom senso ainda mantém lâmpadas incandescentes a venda, amplificadores de guitarra, livros, educação e civilidade, pequenas coisas pra gente identificar quem é virtual e os de carne e osso.

Obs. Solo +B:
         Gostaria de aproveitar pra agradecer a todos os leitores dos textos aqui do blog, OBRIGADO!! 
Até sexta-feira.

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 09-08-2013


+ Uma Emoção Ou Uma Emoção A+ - 39


         Que a música nos estimula não tenho dúvidas, serve de impulso em pacientes em coma ou com algum tipo de amnésia, ou nos hospitais através dos grupos chamados "doutores da alegria". Nosso cérebro clama por som, seja por motivos alegres ou tristes, euforia ou "dor de cotovelo", até mesmo em momentos solenes. Músicas que rebuscam em nossa trajetória parte da trilha sonora e nos motivam a dar novos passos. "Não nos importa razão no coração/ Na mente somos só emoção/ Todos em uma só voz!!" ÂBS 

         Com palavras de ordem, ficamos reflexivos, quando uma história e/ou estória é contada nos incluímos nessa nova realidade, criamos assim a nossa própria vivência no contexto. Humanos que somos, nos identificamos com a dor alheia, construímos internamente tentativas de entendimento que tudo tem haver com nosso aprendizado e ego. Música que alegra e diverte, música que faz refletir, que faz correr, que faz dançar, que quer cantar, que encanta enquanto toca e marca época; nossa infância é 
recheada de músicas e temas melódicos que nos levam de volta no tempo. Durante uma passagem musical preferida ficamos comovidos e os sentimentos afloram, se fecharmos os olhos somos capazes de visualizar os momentos já vividos embalados por alguma canção.
         Motivados por fatores externos escolhemos que música ouvir, e como interligar os fatores visuais ao que escutamos, muita luz, pouca tonalidade, qual é a cor que melhor combina? E até mesmo que roupa vestir! 
          Um samba que faz sorrir, um rock pra dançar, uma valsa que pode fazer chorar; mas aqui não apenas a beleza da obra traz as lágrimas, uma parte instrumental que nos dói o coração, e nesse caso pouco importa se está bem executada ou se o tema em questão está sendo tocado num bandolim ou num baixo elétrico. O baixista Stu Hamm veio a Belo Horizonte e tocou o tema de "Aquarela do Brasil" a platéia se emocionou, lembro de assistir a uma versão instrumental que o Armandinho Macedo fez da música "Oceano" do Djavan e o público cantou mais alto que a banda, o guitarrista Stanley Jordan tocando "Starway to Heaven" instrumental, vi homens de cabeça branca chorando; o que me mostrou a mágica por trás de canções que já são belas em sua forma original, com seus textos expressivos e dentro de seus respectivos cenários.
        Raiva, amor, desprezo, medo, alegria, tristeza, surpresa, sentimentos que temperam nossa vida e o cancioneiro popular de pura emoção, faz notar "a irresistível sensibilidade do nosso cérebro à música. "O.S.

Obs. Solo A+:
        Parece tudo a mesma coisa, mas existe uma diferença básica entre emoção, que seria a ação; e o sentimento, que está diretamente ligado ao fisiológico.

Obs. Solo +B:
         Talvez seja mais que isso, mas pelo menos não deixei de falar alguns dos aspectos importantes da arte das musas (música), ligados a parte que deveria ser a mais interessante, sentir e viver as emoções.
"Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorri 
O importante 
É que emoções eu vivi..." R.C./E.C.

A+BraçoS

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"Absolutum Est Casualis" 02-08-2013