Processo de criação + Música + Teatro - 12

            Durante os anos, fui convidado algumas vezes a participar de trilhas sonoras de peças de teatro e já fiz músicas sob encomenda, tarefa bem complexa principalmente quando requer um estudo mais aprofundado do tema proposto. Sempre me comprometi com essa ideia de criar sons, seja para trilha sonora das peças teatrais ou para temas específicos. A primeira trilha que montei para teatro ainda na época da escola foi no ano de 1996, para uma peça "A Eterna Luta Entre o Homem e a Mulher" retirada e adaptada do texto do Millor Fernandes; me senti desafiado a criar essa trilha, então recebi do diretor textos e algumas direções para a criação, porém não consegui terminar a tempo para que os atores ensaiassem com a trilha gravada, então infelizmente nunca foi usado esse registro. Usei um teclado PSR-180 da Yamaha que tinha em casa para muitas partes (que já era muito moderno), e pedi aos meus amigos Caló e Igor para me ajudarem a gravar algumas coisas, tínhamos contra nós o pouco e tempo, e a falta de tecnologia da época, pelo menos para mim até aquele momento. Gravamos usando umas fitas K-7 e um gravador de duplo deck, onde gravávamos partes e sobrepúnhamos outras ao vivo. Dessa época saiu o seguinte e texto e música:

>>>Animais Por Excelência

Homem, mulher, macho, fêmea, masculino, feminino,
Menino, menina Ah, Ah, Ah!
Guerra, guerra...


Abdomem, abdmulher, nessa luta ele, ela
Ninguém quer sair perdendo não Ah, Ah, Ah!
Guerra, guerra...


Essa luta já faz tempo parece que foi o vento
Que trouxe da pré-história  Ah, Ah, Ah!


            O tempo são moços
            Sentados numa sala de televisão
            As horas são moças
            Que têm o controle nas mãos
            O garoto não vê novela
            A garota não gosta de futebol


Animais por excelência como o gato ou o cachorro
Nascidos pra brigar Ah, Ah, Ah!
Guerra, guerra...


Homem, mulher, macho, fêmea, masculino, feminino,
Menino, menina Ah, Ah, Ah!
Guerra, guerra...



            Sempre gostei de folclore, e ainda acho incríveis aquelas estórias extremamente criativas, o saci, o curupira, a mãe d'água, e tantas outras da cultura brasileira. Minha mãe foi professora de ensino fundamental durante 32 ANOS, e em minha casa sempre tive acesso a livros escolares que contavam as origens e raízes da cultura popular. Aproveitando essa facilidade em ver os textos, quase literatura de cordel, adaptei e criei o seguinte texto:

>>>A Miséria E O Véu (Popular)
Adaptação: Â. B. S


Chico Miséria é um cara sem norte
Montado na morte a procura de sorte


Teu coração um cofre de moedas de bem querer
A Joana não confiou e não quis render
A ela querer e a ele dizer:
_Vai querendo, passa a mão no chão e sai correndo!


Mas do homem errar do burro teimar
E Chico com um pé no estribo
Não quis nenhum véu
De navio não se vai ao céu


Não sabia de coronel
Boas ideias e burros mancos
Chegam sempre atrasados


Não podia conversar ou iria se estrepar
Pois a ele designou a pá; a ela que ele vá


Ao coronel esquecer o véu
E a miséria que não seja séria.



            Ainda em teatro, toquei ao vivo fazendo trilha para a peça "É proibido Poibir!!", título baseado na música homônima de Caetano Veloso. Dessa vez não houve composições, fiz os arranjos, cantei e toquei guitarra junto com uma amiga, cantora e violonista; na lista havia músicas tais como: Alegria, Alegria - Canção Da Despedida - Mamãe Coragem - Divino Maravilhoso, onde o tema da ditadura no Brasil era o assunto.
            Em 2000 novamente voltei ao contato com o teatro, fui convidado a criar uma trilha para teatro, sempre com prazos apertados também não tive como terminar a trilha, as diversas mudanças do elenco e do roteiro atrasavam a finalização, mas cheguei a criar sons e sonoridades para incluir na peça, acabei "pilotando" a mesa de som durante as apresentações. Um pouco depois trabalhei com algumas paródias para um teatro infantil da peça "Planeta do Imundo" com a Andressa Coutinho.
            Compus algumas músicas, canções e arranjos sob encomenda, as primeiras coisas foram em 2004, um amigo que havia feito uma gravação caseira e precisava de arranjos de base, cordas, strings, ritmos, enfim sons de preenchimento, pois a gravação foi feita por um coral acompanhado por dois violões. Também escrevi um texto e uma melodia para um concurso para canções de capoeira, não entendia nada do assunto, então li alguns textos e livretos, das origens e fundamentos.

>>>Amada Capoeira
 
Capoeira tá aqui pra mostrar
Com o trio berimbau: gunga, médio e viola
Do que é essa gente mola

            É de capoeira ra ra (coro)
 
Pra joga precisa muito é treinar
Pra cair, pra levantar,
E ter cuidado pra não errar

            É de capoeira ra ra (coro)
 
Mas um banzo quase me tirou da roda
Vou mostrar par essa gente
Capoeira não é moda

            É de capoeira ra ra (coro)
 
Nesse banzo quase que fui pra Bahia
Berimbau cantou mais alto
Que a terra ela já via

            É de capoeira ra ra (coro)
 
Atabaque bateu no meu coração
Bateu onde era pedra
Hoje é pura emoção

            É de capoeira ra ra (coro)
 
Mas foi pandeiro que me fez ficar aqui
E dizer pros capoeira
O que um dia eu sofri

            É de capoeira ra ra (coro)


            Recentemente em 2011, fiz duas produções que fiquei muito satisfeito com o resultado, a 1ª arranjos pra músicas criadas pelo meu amigo Adriano para textos de crianças entre 6 e 8 anos que também fizeram os desenhos da arte da capa do CD e o 2ª arranjos para canções de cantigas de roda antigas, com um repertório pesquisado pelo Gustavo do Carmo para a peça infantil "Meu Amigo Sabiá", cuja proposta foi incluir roupagens novas para as canções tradicionais. Usei algumas possibilidades e estilos, brasileiros ou não, pois arte não tem limite ou mesmo se deixa limitar, difícil imaginar alguns filmes e peças para teatro sem trilha sonora, impossível desassociar certas combinações modernas, queijo com goiabada, espaguete e molho a bolonhesa, "...letra e música, Eu e ela, cadência e dança..." ÂBS.

Obs. Solo A+:
            Sempre me liguei a música, harmonia, melodia, seja pelo texto/letra, seja pelo "positive vibration", ou pela atitude e o gosto pessoal, e se é pessoal, é único, "...Cada um existe pra si..." ÂBS. Com certeza alguma produção que fiz ou texto que ficou perdido no tempo passou despercebido por aqui, mas coloquei somente alguns do muitos meios de interagir com a música em que tive o prazer de participar.
 
Obs. Solo +B:
            Mesmo que eu quisesse, nunca consegui manter um ritmo mais constante nas produções, mas aprendi muito com tudo que fiz, pois pra criar é necessário interação humana, "...e você vê que o dinheiro não promove nada, são as pessoas..." ÂBS.
            Nessa vida é preciso trabalhar duro pra conseguir alcançar os objetivos, então lembre-se: Trabalhe, trabalhe, trabalhe... mas não se esqueça, vírgulas significam pausas.

A+Braço

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com

"Absolutum Est Casualis" 25-01-2013


Um comentário:

  1. Abriu o caderno Sadra Amado! rs
    Agora eterno.

    Nunca te imaginei fazendo música para capoeira, isso sempre vai me surpreender! É sinal de que pode ir a "lugares" inimagináveis mesmo, como já vi nesses quase dois anos... "Nesse banzo quase que fui pra Bahia".
    Seu caminhar é muito gostoso dentro da música e veio trazendo tanta coisa boa e experiências desafiadoras... E você com sua vontade e buscas soube aproveitar.
    Muitas coisas ainda virão!

    O CD com as crianças foi incrível mesmo, tão corrido o tempo e saíram coisas geniais. Você e o Adriano sentados fazendo o trabalho que, no final, ficou encantador... "Quem tem medo do lobo..."

    Obrigada por mais uma sexta-feira! Sem chuva até agora...
    Carinhos que se fazem com as palavras.


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