Saudade + Lembrança + Memória - 9

            Como já disse por aqui... não posso me considerar um cara saudosista, mas como contar estórias sem usar da lembrança, da saudade e fuçar na memória? Ainda não descobri é verdade, mas devido as longas conversas que eu sempre tenho com meus amigos, sempre me ocorrem fatos que mesmo querendo não ter uma recordação doída, fico nessa emoção de não ficar me escancarando demais sobre acontecimentos antigos, até porque pra muitos foram acontecimentos passageiros. Fico pensando: O que seria de nós sem as lembranças? Não teríamos amigos, estórias e muito menos a experiência! Então deixemos de delongas e vamos ao que interessa LEMBRAR.

            ("...Satisfazer, saudade! / Saber lembrar, saudade! É te lembrar pra todo mundo!..." ÂBS) Escrevi isso no ano de 2000 e ainda me é muito válido, ficava imaginando o que seria melhor pra "matar" as saudades, muitas vezes basta uma música, um sabor, um cheiro, uma foto, um vídeo... Postei aqui no blog um trecho da primeira apresentação da banda Dick Vigarista (http://www.youtube.com/watch?v=Kcv4VUtPgy4) e realmente tive a dimensão das minhas palavras e obtive alguma resposta pessoal também, que seria alguma pergunta como: Existe como satisfazer uma saudade?! Pergunta essa que sempre me pegou no contra pé, muitas vezes na tentativa de satisfazer a saudade abrimos mais a chaga que nos liga sentimentalmente aos momentos ("se não for pra lembrar, esqueça!" ÂBS). Houveram muitos comentários na rede social (http://www.facebook.com/absoloduo) sobre o vídeo; e fiquei emocionado com certeza e agradecido também. Obrigado!
            Foi naquele domingo, dia 25 de junho em 1995 que conheci algumas figuras que marcariam minha estória de vida, uma delas o João (voz) e outra o César Freaza (contrabaixo), ambos faziam parte da extinta 'banda Vôo'. Era um domingo de manhã fomos saber onde montaríamos os equipamentos (que nem eram tantos assim, foi quase uma formalidade) e o pessoal nos convidou pra irmos buscar alguns tablados pra usar de palco. Fomos na carroceria de um caminhão, eu, o Adriano e o Caló, da Dick e o César e o João da banda Vôo, ali já achei que eles discutiam muito (alguns meses a frente a banda deles teria fim, e por obra do destino ou do acaso, anos mais tarde o César se tornaria o baixista da Dick). No repertório da banda Vôo, algumas músicas autorais, Tim Maia, Cláudio Zoli, Hojerizah e muita mistura de música brasileira e soul brasileiro, levadas rítmicas que ainda eram novidade pra mim com meus recém-completados 17 anos. Já no repertório da Dick daquela noite músicas próprias, Barão Vermelho, Legião Urbana e sons de outras bandas de blues e rock brasileiro que faziam muito nossa cabeça. A apresentação começou ainda entardecendo por volta das 18:00Hs, o tempo bem nublado mas acho que ninguém esperava a chuva que estava por vir. Assim que a garoa virou tempestade, o pessoal mais engajado fez rapidamente paredes de lona por sobre e ao redor dos equipamentos pra manter o som da banda tocando. Quando já terminada a apresentação e pensando estar tudo sob controle eis que inicia uma discussão acalorada e uma sequência de ponta-pés, com certeza nem tudo são flores!
            O que sei é que quando resolvi falar sobre a primeira apresentação da banda Dick Vigarista aqui pelo blog, achei que não me lembraria de muita coisa, mas quanto mais me lembro, mais me lembro (I forgot, to remember, to forget); portanto "relembrar é viver", já tentei ser organizado com as datas, até cheguei a prometer aqui no blog que ia tentar ser mais preciso pra escrever os posts e evitar idas e vindas na linha do tempo; mas tenho achado impossível... e tenho até gostado de me perder na cronologia dos tempos de adolescente, me faz sentir o gosto das tentativas e erros cometidos ("...O que faltou no tempo, Sobrou no sentimento..." ÂBS).

            Não acho que vou flanar durante muito tempo nas minhas memórias e escreve-las exaustivamente, mas também não gostaria que tudo virasse pequenos resumos vazios, tendo como anexo um kitsch musical, pois como é sabido "a vida imita a arte, e a arte imita a vida" e se viver é uma arte tão complexa com suas cores (tons pasteis, multicoloridos e opacos), luzes e sombras, paisagens, vistas, aprender, sentir e aumentar as perpectivas. Não dá pra simplificar a vida! Não dá pra simplificar a arte!

"...Viver bem é viver a arte que encanta e que motiva a caminhada firme e perseverante..."

Obs. Solo A+:
            Hoje 18 anos depois (na verdade 17 anos e 6 meses), eu ainda tenho orgulho de ter participado e feito as intervenções musicais das quais participei lá no início da trajetória musical, entendendo que este orgulho seja apenas a coisa do dever cumprido, e de atingir o objetivo almejado em muitas das empreitadas.

Obs. Solo +B:
            Essas datas passadas me dão a impressão de ter um brilho especial, quando na verdade foi tudo muito a seco, e cru e dolorido, pois ainda hoje é complicado fazer com que as pessoas ouçam/vejam o que se está fazendo.

Obs. Solo A+B:
            Estávamos no início da 5ª música quando quebrou a corda do baixo, o pessoal da banda Vôo emprestou o baixo pro Janse continuar, o baixo emprestado é o que está no video. O Janse tinha um baixo Dolphin azul metálico e peças douradas.

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com

"Absolutum Est Casualis" 04-01-2013



5 comentários:

  1. Primeiro a postar!!! rs

    Mais um post legal! está indo ao poético mas ta bem legal. E é verdade sobre o baixo, na época era do dolphin azul mesmo... era bonito, apesar de muito pesado... rs

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  2. Caramba, tava lendo os post's sempre, mas não me dava conta que estas coisas aconteceram ha tanto tempo assim.
    PS. O Janse não dorme não, 3 da manhã, brincadeira!

    Abraço a todos!

    Igor

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    1. Sim passa muito rápido mesmo, e a vida num tem volume dois, é aqui e agora!! Tem que acertar de primeira...

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  3. Tá poético mesmo! É escritor também; eu me perco entre tantas capacidades. E escritor é poético.

    Quando lembra... nos conta a história! Então, lembrar é preciso e faz cócegas na gente que te lê. As datas são meros detalhes, porque o que vale é a lembrança!

    Tanto tempo e tem sabor de coisa nova.
    Um beijo! E abraço a todos.
    Tá tudo muito belo.

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  4. Bons tempos de Dick Vigarista!
    Muita história, muita música, muita vida...

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