Quando Menos é + !? - 16

            Tenho usado essa máxima a anos, já vi e ouvi muita gente que no intuito de "mostrar serviço", acaba exagerando na dose e falhando na qualidade, principalmente durante apresentações em público. Coletivo ou individualmente é preciso ter cuidado com os excessos, o senso crítico pode ser um parâmetro pra filtrar as desmedidas proporções, sejam visuais, artísticas ou sonoras. Passei a notar que em muitos dos meus ídolos musicais, os abusos estavam sempre presentes e quase sempre ligados a rebeldia, porém com o quesito COMPETÊNCIA, o que não pode ser considerado como sendo algo estudado, mas muitas vezes é nato nesses heróis, praticamente predestinados em seu caminho natural. O talento acaba por se tornar a estrela guia, a verdade e a vida desses notáveis e iluminados, e os exageros ficam diminutos.
            Na maioria dos casos nós simples mortais, só conseguimos mesmo tocar uns acordes mesmo e ainda apoiados nesses mestres do som, músicos sim, claro que muitos podem discordar de mim, mas insisto em dizer que menos é mais, e que não é o caso das orquestras ou "big bands" claro, onde tocam compassados dúzias de músicos, onde um acorde pode virar arpejos com mais de 20 instrumentos, e é assim mesmo. Há quem goste de simplificar e pode ser muito bom, mas com o devido cuidado e respeito pra não transformar simples em simplório, e transformar o linho nobre em pano de chão.
            Já ocorreu durante os anos da banda Dick Vigarista, entrarmos em estúdio para gravar 15 músicas, porém no final das contas só prestaram mesmo umas 7 da lista, a gravação era ao vivo, e aí já viu né, é só falar: "GRAVANDO!!!", que o erro aparece; reduzimos a quantidade e ficamos mais satisfeitos, até por termos descoberto juntos problemas que naquele instante seriam incorrigíveis, e sabendo que nos táxis e estúdios "time is money" (- = +).
            Ainda gravando com bandas, descobri que quando um som ou frequência sonora incomoda, ao invés de evidenciar o que gostamos, é mais racional retirar o que atrapalha, é como a luz do sol... no lugar certo faz toda diferença, mas andando pela rua com o sol nos olhos, pode não ser muito agradável podendo até sofrer/causar um acidente. Quando montei o trio EscaliBlues (www.escaliblues.com.br), achei que estava simplificando, entendi rapidamente que o esforço maior estava em conseguir usar essa "luz do sol" a nosso favor, ("Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol" P.P.). Ao tocar com a santíssima trindade do rock (baixo, guitarra e bateria), é preciso ter cautela e não atropelar os limites sonoros de cada instrumento; e em tempos elétricos nivelar volumes pode ser um trabalho. Acusticamente falando, a bateria é um instrumento que tem grandes nuances dinâmicas, porém competindo com instrumentos eletrificados, beiramos ao embate dos volumes.
            Num ônibus lotado menos pessoas é mais confortável, sofro com as bolsadas na orelha e virilhas no meu ombro, o resto até acho que faz parte, o barulho do motor, o chacoalhar, o trocador que nunca tem trocado e fica de cara feia porque você num tem o dinheiro trocado como ele quer, a espera nos pontos, que parece que não existe quadro de horários. Nas férias escolares mesmo caso, o trânsito com menos carros fica mesmo mais tranquilo, finjo que tenho esperança de melhorar a cada dia, mas a tendência não é essa. Sigo social+mente me enganando, quanto mais acredito menos acontece.
            Definitivamente não sou o mais indicado pra melhor falar sobre volume, tenho a fama de tocar em altos decibéis, tudo bem! Ok! Eu gosto do som da guitarra que eu estiver tocando na orelha (Minha ou dos outros...). Mas se existe uma coisa que já se perdeu no tempo (além dos meus ouvidos...) é a falsa ideia de que volume alto está ligado a qualidade, nunca será por aí... conseguir ter controle sobre o som ou ruído que produzimos é pra poucos.

Obs. Solo A+:
            Li outro dia o slogan do Google "Don't Be Evil" ("Não seja mal"), simplificaram?! Pode até ser, mas que pode ser considerado um ponto onde menos é mais... pode.
            Existe um momento em que escolhemos sombra ou sol, preto ou branco, tênis ou sapato, campo ou cidade, porém não há como escolher profissional ou amador? Essas definições vem da caminhada ou dos genes, nem sempre dos gens. Mais cedo ou mais tarde descobrimos, baseado no auto-conhecimento e simancol. Simplifiquei.

Obs. Solo +B:
            Passei pelo post debutante, e chego a este muito agradecido pelos comentários de quem vem lendo por aqui as memórias mesmo que politicamente (ou praticamente?!) incorretas, de um amante/amador, diletante e pretenso músico, que tem na música e nos instrumentos um estilo de vida. Obrigado, respeito muito todos vocês.

Obs. Solo A+B:
            O título desta postagem é uma pergunta que me faz continuar tentando responder... persevero, simplifico, insisto, teimo.

A+Braço

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com

"Absolutum Est Casualis" 22-02-2013


4 comentários:

  1. Bom Dia, mais uma sexta digníssima!
    30 Anos de Barão Vermelho!

    Acredito que fazer menos e melhor é um desafio que muitas pessoas tem encarado cotidianamente.
    Grandes mestres descobriram sua vida através das composições, assim compositores e intérpretes "anônimos" descobrem a vida nos sons que eles mesmos emitem... Importante é continuar fazendo, mesmo que seja cada vez menos...

    Bjo! Valeu.

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  2. Com certeza menos é mais!, toda aquela energia do início me faz lembrar da complexidade de arranjos onde a execução era complicada, o estudo da técnica junto ao instrumento era obcessivo; depois de anos tocando e principalmente gravando, vemos que tudo foi um aprendizado, mas nem sempre a mensagem era transmitida sem "ruído", naquela epoca já escutava pessoas e músicos que tenho até hoje como referencia dizendo, menos é mais; há muito tempo descobri isso e é um dos lemas que levo pra minha vida desde então.
    Menos é mais, simples assim!

    Abraço a todos;

    Igor

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  3. Me adimira o ser que tem o dom de saber fazer o menos com mais A+B Solo ė um exemplo disso e tenho dito! Aender

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  4. Meu camarada... Muito bom esse post!
    O texto é como você, verdadeiro, e isso é muito bacana!
    Um abraço e muito som...

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