Rock + Brasileiro - 18

            Pra quem gosta de rock e acompanhou algumas das bandas dos anos 80 (roupas coloridas, cabelos pintados e um sorriso sempre no rosto. Sim, eu tenho certeza que eram os anos 80) ou ainda dos anos 90 daqui do Brasil, sabe como era comum ver a moçada do rock de cabelos compridos e anéis nos dedos, jaquetas de couro, botas e calças de veludo, camisetas de bandas, tênis e calças largas, camisas de flanela xadrez e guitarras em punho; eu mesmo já tive madeixas e também calças de veludo e ainda uso minhas camisas de flanela. As vertentes estavam presentes no som e no visual de quem tocava nas bandas, a magia corria a olhos nus e pelas veias de quem sangrava através de sonhos e sons, de quem enxergava através da música uma tentativa de fuga da realidade dura e anti-cultural, que é disseminada por aqui desde sempre.
            Na cidade onde moro, ao final dos anos 80, haviam bandas como: Urbe At Orb, Cancro, Candelabro, Outubro Vermelho, Expresso TPC, banda U.R.S.S.O e depois já nos anos 90, a banda Smoo, Legião Urbana Cover, banda V.I.P, Madame Cruela (depois M. Cruela), Coringa (depois Ferro Véio), Hanna Barbera, Bândida e Dick Vigarista. Era muito comum dentro dessas bandas músicas autorais, sempre tinham algo novo pra mostrar e claro que isso gerava críticas, o que também pode ser muito saudável e de alguma maneira criava um movimento criativo interno e entre as bandas que foram contemporâneas. Algumas vezes o embate era brutal, mas que deixaram uma história marcada em cada um dos que participaram desses grupos.
            Acompanhei algumas das grandes bandas, nacionalmente falando: Legião Urbana, Barão Vermelho (já com o Frejat), Engenheiros do Hawaii (ainda como trio), Os Paralamas do Sucesso (antes do acidente do Herbert), Ultraje à Rigor, Titãs (com a formação original), Ira, Lobão (já sem os Ronaldos), Angra e outras acabei ouvindo um pouco depois: Hojerizah, Plebe Rude, Biquini Cavadão, e ainda as que fui somente contemporâneo, mas que me influenciaram pouco também, Uns e Outros, Nenhum de Nós. O Raul Seixas que na minha época de banda já havia partido fazia alguns anos; o RPM que acompanhei de tabela e que já estavam separados, o Cazuza já muito debilitado, em belo horizonte o Virna Lisi, o Patu Fu que assisti a algumas apresentações em praças quando eles ainda eram uma banda quase "experimental", bateria eletrônica, colagens sonoras, pads de bateria e os tais 128 japoneses (referência ao MIDI), sempre quis saber quando se apresentariam e de onde vinham aquelas vivências transmitidas através das letras/textos das composições.
            O rock "clássico" é como uma religião, há quem diga que morreu, há quem diga que está vivo nas atitudes de quem compra uma guitarra (será?!), como isso aí é assunto que pode gerar controvérsias, prefiro entender que rock brasileiro não é apenas rock. É notório em festivais internacionais de música a diferença que existe entre o rock raiz (americano), o rock inglês e o rock da nossa terra (brasileiro-tupiniquim) e todos são muito marcantes, e de características próprias. Duvido que os grandes nomes do estilo (ou os que ainda criam algo) estejam pré-ocupados com essas divisões estilísticas de mercado, muitos deram prova de que podiam e fizeram o que entendiam, pois tinham como consideração a música como ARTE (Música=Arte). Manifestação de comunicação e expressão, alguns com mais habilidade, sensibilidade. Ideias fluem de onde se tem o que dizer, ou pelo menos deveria ("Não vou falar por falar, canto uma canção bonita, que fale de um tempo bom" ÂBS).
            Se for procurar algo sobre rock brasileiro notará que existe pouquíssima coisa no período pós anos 90, de 2000 em diante praticamente só temos cópias de cópias de fórmulas que deram ou não certo (o que é certo? Errado!?), a verdade é que na maioria dos casos, quando se faz rock brasileiro, são claras as influências culturais regionalistas, folclóricas, tradicionais e até bairristas, as fusões com o que agrada mais aos que ouvem e fazem a "nova" música.
            Muitos se foram deixando um legado inegável, biográfico e inspirado, tinham a capacidade de se sensibilizar com os problemas/fatos do dia a dia, e transformar em lições através das canções, quase hinos; ícones de uma geração que vinha cansada da mesmice, do poder ditatório, e de uma mídia tendenciosa e covarde, ícones esses que fazem tanta falta em tempos de "made in china". Perdemos a cada passo a imagem no espelho quando retrocedemos, não reconhecemos mais quem somos e de onde viemos. Andamos tanto pra chegar até aqui que ao olharmos o caminho percorrido perdemos a vista da estrada, já não vemos as curvas, o vento que leva e trás também apagou nosso rastro. Corremos atrás e chegamos atrasados.


Obs. Solo A+:
           Reconhecer, aceitar, admitir, aproveitar, entender, descobrir... o tempo que vem e que vai numa velocidade que não escolhemos nos torna duros e autocríticos, mas que nem sempre nos ensina, fecha os olhos como resposta ao que deixamos cair e nos apanha abatidos no chão, enquanto fingimos ser só mais um dia.
 
"Sua velha estrada
Está rapidamente envelhecendo
Por favor saiam da nova
Se não puderem dar uma mãozinha
Pois os tempos estão mudando" B.D.

 
Obs. Solo +B:
           Dedico esse post a essa moçada velha de guerra, entrincheirados do rock brasileiro. Carinho e respeito a todos! "Viagem é tudo, bagagem é muito, a estrada é mais." ÂBS + Obrigado!


A+Braço e desculpem pelo atraso de hoje.

Comentários também para o e-mail: absoloduo@gmail.com
"Absolutum Est Casualis" 08-03-2013
 







3 comentários:

  1. Cara, bons tempos!
    Quem viveu essa época entende bem esse post, a atmosfera era outra (muito bacana), as pessoas se aproximavam mais... o calor humano era maior!

    Do Brasil, a banda que mais marcou pra mim foi Eng (formação GLM)... Me lembro quando meu irmão chegou aqui com o dico GLM (comprado na antiga Musilar perto do Espaço Popular) recem lançado em 1992... Foi um dia que marcou muito pra mim!

    A expectativa para ouvir um lançamento acompanhando os detalhes da capa grande, encartes e etc. era bom demais... Esse ano ficou marcado em minha vida, pois foi quando comecei a me interessar por música mais a fundo e tocar os primeiros acordes e notas no violão que minha avó tinha dado ao meu irmão Reginaldo (que foi minha 1ª influência na música).

    Me lembro também de ter ouvido o Angra (em 1996, se não me engano), aquilo me impressionou demais e até hoje sou fã!

    Bons tempos... Recordar é viver!!!
    Abraço...

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  2. Muito Bom falar de Rock nessa sexta...
    Pra mim o rock sempre estará vivo. Ainda mais pra mim que tenho um rockeiro de nascença. Em pensar no rockabilly... Que eu adoro!
    Como não gostar de uma guitarra elétrica ou do violão, de um baixo elétrico, da bateria, do teclado! Incríveis teclados!

    Marcante falar da MTV que surgiu nos anos 80 e que confesso, impulsionou o rock. A emissora mostrava videoclipes de bandas e cantores. Teve gente que ficava vidrado!

    OBS.: Hoje saiu uma reportagem no Estado de Minas... E eu creio que há "a genética por trás da música".

    Obrigada.
    E viva o final de semana!

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    Respostas
    1. Cara, muito bom ver que ainda tem amantes do Rock como eu.
      Gostei muito do q lí hj, me encheu de força, espero aqui em Salvador voltar a fazer Rock and roll.
      Me orgulho de vc amigo por ter uma personalidade forte como nosso rock(roque) saudades de fazer um bom som co vcs...
      Cesar freaza.

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